A indústria têxtil portuguesa pode perder até 56 mil trabalhadores nos próximos anos, até 2030. Os números foram apresentados esta terça-feira, pela principal associação do setor, que traça três cenários até ao final da década, no estudo "Visão Prospetiva e Estratégias ITV 2030".
No “cenário ouro”, o mais favorável, a indústria nacional do têxtil e do vestuário perde mil empresas e 18 mil trabalhadores até 2030, uma consequência da pandemia de covid-19.
Dentro de nove anos terá cerca de 5.000 empresas ativas, pelo menos 120 mil trabalhadores e um volume de negócios anual de 10 mil milhões de euros (com 8 mil milhões destinados às exportações).
Segue-se o "cenário prata", o conservador, onde a indústria têxtil e do vestuário (ITV) deverá manter 3.500 empresas, 80 mil trabalhadores e 6 mil milhões de euros de vendas (5 mil milhões no exterior).
Na projeção mais negativa, o “cenário chumbo”, desaparecem 3.500 empresas, apenas 2.500 resistem até ao final da década, com 75 mil empregos. Ou seja, há uma perda de 56 mil postos de trabalho. A faturação anual baixa para 5 mil milhões de euros (4 mil milhões na exportação).
Este trabalho aponta sete "prioridades estratégicas" para o futuro: capitalização, diferenciação, sustentabilidade, digitalização, cooperação na cadeia de valor, capacitação dos recursos humanos e internacionalização.
O estudo foi apresentado durante o fórum anual em Vila Nova de Famalicão, que discute a situação da indústria que antes da pandemia contabilizava perto de 6.000 empresas e 138 mil postos de trabalho.
Atualmente, este setor representa 19% do emprego da indústria transformadora e quase 10% das exportações nacionais. A grande maioria da atividade (87%), está concentrada na região norte (87%). Desde 2009, tem estado em crescimento, uma tendência que se manteve durante nove anos, até 2019.
Esta indústria tem sido uma das mais penalizadas pela covid-19. A maioria dos Associados da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal só estima o regresso a níveis semelhantes ao pré-pandemia em 2022.