O tempo de discussão do documento de trabalho do sínodo dos bispos já terminou, com os padres sinodais a analisar agora a proposta de documento final a apresentar ao Papa, mas há já quem lamente o facto de não ter havido tempo suficiente para falar dos problemas todos.
No "briefing" desta quinta-feira, o arcebispo José Gomez, de Los Angeles, disse que gostaria de ter falado mais sobre questões como a imigração e como ela afecta as famílias.
“Pessoalmente, gostaria que tivéssemos tido mais tempo para falar de certos assuntos. Por exemplo a questão da imigração. Temos 11 milhões de pessoas sem documentos nos Estados Unidos. Mais de dois milhões de pessoas foram deportadas nos últimos anos e um em cada quatro dessas pessoas fazia parte de uma família unida, por isso a emigração é um assunto importante para nós.”
José Gomez fala ainda de “os desafios que as famílias sentem com a realidade da economia em todo o mundo, questões de educação, são alguns dos assuntos que gostaria de ver mais bem retratados no documento final.”
Durante todo o dia de quarta-feira uma comissão de redactores esteve a trabalhar no documento final que está agora a ser analisado em plenário. Depois de incorporadas as últimas emendas e alterações, este será votado, parágrafo a parágrafo, no sábado, a tempo da conclusão do sínodo no domingo.
Missão do sínodo não é "fazer doutrina"
Um dos membros dessa comissão, o cardeal Oswald Gracias, de Bombaím, na Índia, esteve também no "briefing" e recorda que a missão do sínodo é aconselhar o Papa.
“Temos tido sempre em conta que este sínodo não está a fazer doutrina, mas está à procura de uma abordagem pastoral, das melhores linhas orientadoras. No sábado apresentaremos ao Papa o resultado das nossas reflexões. Mas trata-se de orientações gerais, não entram em grande detalhe”, explica.
Com cerca de 800 propostas de emenda ao "instrumentum laboris" (instrumento de trabalho), a redacção do documento final foi sobretudo um exercício de consenso. “Há opiniões diversas, o que procuramos é um texto que exprima as preocupações de todos mas também que dê uma orientação pastoral que seja aceitável para todos.”
“Todos compreendemos que há posições diferentes, mas quero dizer que a teologia progride, embora a doutrina se mantenha. Mas a nossa compreensão da disciplina da Igreja também progride. Acho que ainda estamos à procura. Não chegámos ainda às soluções, digo com franqueza, não temos muitas soluções aqui, mas pelo menos começámos a falar do problema e estamos a dizer que este problema tem de ser abordado, tem de ser estudado. Tenho a certeza que encontraremos um caminho. Isto já aconteceu antes na Igreja”, disse o cardeal indiano.