Um retiro com o Papa “passa num instante” e não é “um exercício de exibição”, explica o padre Tolentino Mendonça em resposta a uma pergunta da jornalista Graça Franco, diretora de informação da Renascença, na conferência que decorreu esta segunda-feira na Universidade Católica para assinalar “Cinco Anos com o Papa Francisco”.
Há um mês, o padre Tolentino Mendonça foi o convidado para dirigir o retiro de Francisco, organizando uma série de meditações e essa foi uma experiência “muito bela”, explicou, em que se apresentou ao próprio Papa como “um pobre padre”, num clima de grande simplicidade, mas em que não teve “ilusões” em relação ao seu papel perante a cúria romana.
Desses dias o padre Tolentino registou também que num retiro “o tempo passa num instante”, destacando a "acédia" como uma das meditações mais importantes daqueles cinco dias e que “interpela qualquer crente na vida avançada”, ou seja, “esta secura, o deserto dentro de nós, o caminho humano”.
Tolentino Mendonça foi, entretanto, confrontado de forma imprevista por uma pergunta da plateia colocada pelo núncio apostólico em Portugal, um dos convidados para estar nesta conferência. D. Rino Pazzigato quis saber “se há alguma tensão entre o Papa e a cúria” como “frequentemente se ouve dizer” que “há quase uma desconfiança recíproca” ou se ali “viviam como irmãos.
A esta pergunta do diplomata do Vaticano em Portugal, Tolentino Mendonça respondeu que “só quem não faz coisas é que não levanta questões”, acrescentando que “quem quer ser e responder aos desafios de Deus e da história tem de levantar resistências aqui e ali”, mas dando também a garantia que naqueles dias o clima que registou foi de “cordialidade e amor ao Santo Padre”.
Numa conferência que decorreu muito distendida e com algum humor pelo meio, Tolentino Mendonça foi ainda questionado pela jornalista Graça Franco se naqueles cinco dias de meditação confessou o Papa, com o padre-poeta a recusar responder se sim ou não, referindo apenas “que um padre pregador está disponível para atender as pessoas que o desejarem”, arrancando mais risos da plateia que se juntou no auditório Cardeal Medeiros, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.