O antigo ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, foi quinta-feira constituído arguido na sequência da investigação relacionada com o furto das armas de Tancos. Azeredo Lopes foi presente a um juiz de instrução criminal para ser ouvido na qualidade de arguido pela co-autoria dos crimes de denegação de justiça e de prevaricação. A notícia foi avançada ao final da noite pela TVI24.
Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo de ministro da Defesa logo após o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM) ter garatindo que lhe havia contado tudo sobre a encenação do aparecimento das armas furtadas em Tancos, sempre negou ter sido informado. O antigo ministro socialista é o 23.º arguido do caso de Tancos.
O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército a 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições. O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos vários responsáveis, entre eles o agora ex-diretor da PJM Luís Vieira.
Recorde-se que o relatório da comissão parlamentar de inquérito ao furto de material de guerra em Tancos foi aprovado a 19 de junho com os votos favoráveis dos deputados do PS, PCP e BE, e os votos contra dos sociais-democratas e centristas. As conclusões excluem qualquer responsabilização direta do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes e do primeiro-ministro, António Costa, apenas admitindo que “não ficou provado” que tenha havido interferência política na ação do Exército ou na atividade da Polícia Judiciária Militar.
O relator do PS fez uma alteração, para a versão final, na qual admite que Azeredo Lopes “secundarizou” o conhecimento que teve de “alguns elementos” do memorando da PJM sobre a recuperação do material furtado.