O Ministério da Defesa de Taiwan denunciou esta segunda-feira a incursão de 28 aviões militares chineses na zona de defesa aérea da ilha, a coincidir com a chegada a Taipé de uma delegação de deputados alemães.
A incursão aconteceu no âmbito de manobras militares realizadas junto a Taiwan, no domingo, nas quais participaram mais de 50 aviões e quatro navios do Exército de Libertação Popular (ELP), as forças armadas chinesas, indicou o ministério.
Após estes exercícios, os primeiros deste nível registados este ano, o exército de Taiwan enviou aviões, navios e sistemas de mísseis terrestres "para responder a estas atividades", refere o ministério num comunicado.
As manobras aconteceram depois de as autoridades chinesas terem criticado a chegada hoje de um grupo de deputados alemães à ilha, viagem em que se vão reunir com a Presidente, Tsai Ing-wen, e outros altos responsáveis do governo de Taiwan.
Os deputados pretendem "demonstrar solidariedade com o povo de Taiwan por meio desta viagem", disse à agência France-Presse Marie-Agnes Strack-Zimmermann, presidente do Comité de Defesa do Bundestag, o parlamento alemão, na quinta-feira.
Esta é a primeira delegação alemã a visitar Taipé este ano e a terceira proveniente de Berlim nos últimos três meses, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da ilha.
No sábado, o almirante Lee Hsi-ming, ex-vice-ministro da Defesa de Taiwan, defendeu à agência Lusa a mobilização e treino da população taiwanesa, para resistir a uma "iminente" invasão chinesa através de táticas de guerra assimétrica.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.
Nos últimos anos, as incursões de jatos da Força Aérea chinesa no espaço aéreo de Taiwan intensificaram-se e, após a presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, se deslocar a Taiwan -- a visita de mais alto nível realizada pelos Estados Unidos à ilha em 25 anos -- Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, que incluíram o lançamento de mísseis e o uso de fogo real.
O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou já que "a reunificação de Taiwan" não pode continuar a ser adiada.
A líder do território, Tsai Ing-wen, já começou, no entanto, a advertir o público que vai ser necessário um esforço de toda a sociedade para defender a ilha. No mês passado, anunciou que vai estender o serviço militar obrigatório de quatro meses para um ano, a partir de 2024.
"Ninguém quer a guerra... mas, meus compatriotas, a paz não cairá do céu", apontou então.