O secretário-geral do PS afirmou esta quinta-feira que vai votar nas eleições diretas para a escolha do seu sucessor, recusou-se a indicar a sua preferência entre os potenciais candidatos e defendeu que os socialistas dão "10 a zero" ao PSD na qualidade dos seus quadros.
Estas posições foram transmitidas por António Costa à entrada para a reunião da Comissão Política Nacional do PS, que deverá marcar as eleições diretas para o cargo de secretário-geral para 15 e 16 de dezembro e o congresso para 6 e 7 de janeiro.
Interrogado se prefere o ex-ministro Pedro Nuno Santos ou o atual titular da pasta da Administração Interna, José Luís Carneiro, para o cargo de secretário-geral do PS, António Costa recusou-se a indicar qualquer preferência entre estes dois potenciais candidatos.
"O PS tem uma qualidade extraordinária em termos de quadros, gente muito bem preparada, com grande capacidade executiva", defendeu António Costa, aproveitando para estabelecer diferenças em relação ao PSD.
"Quando eu olho para o líder da oposição [Luís Montenegro] e para vários dos dirigentes do PS, eu diria que damos 10 a zero em experiência executiva e em capacidade de liderança do país relativamente ao líder da oposição", advogou.
António Costa observou depois que o PS "é um partido republicano onde não há sucessores".
"Há pessoas que se candidatam à liderança do PS e depois têm o apoio ou não [das bases do partido]. Como sempre disse, expressarei no boletim de voto a minha escolha, mas não terei qualquer tipo de intervenção. Estou cento que o PS, na sua variedade de quadros, gerações, géneros, tem ótimos quadros para assumirem a liderança do partido", acrescentou.
A direção do PS vai propor hoje à Comissão Política que o Congresso do partido se realize a 6 e 7 de janeiro em Lisboa e as eleições diretas para o cargo de secretário-geral em 15 e 16 de dezembro.
Este calendário foi avançado à agência Lusa por fonte do secretariado nacional do partido, ao adiantar que a eleição dos delegados ao Congresso realiza-se também a 15 e 16 do próximo mês.
Com a opção pela marcação de eleições diretas para o cargo de secretário-geral dos socialistas fica afastada a ideia do ex-ministro Pedro Nuno Santos de realização de eleições primárias abertas também a simpatizantes para a escolha do sucessor de António Costa.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão do cargo ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o "data center" de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
No dia da demissão, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.
O Presidente da República anunciou hoje que vai dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.