Sem coerência, a União Europeia perde autoridade moral, avisa António Costa
21-03-2024 - 17:17
 • Pedro Mesquita

A União Europeia não pode usar "uma duplicidade de critérios" para a invasão da Ucrânia e a guerra em Gaza.

É preciso coerência. António Guterres e António Costa manifestaram esta tarde a mesma preocupação, à entrada para o Conselho Europeu, onde o tema mais sensível em análise é a situação no Medio Oriente. Os 27 não tem falado a uma só voz sobre o Médio Oriente. As posições divergem, nomeadamente quanto à exigência de um cessar-fogo, a Israel.

António Costa avisa que sem coerência a União perde autoridade moral: “A União Europeia não pode ter uma duplicidade de critérios. Não pode convocar o mundo para defender o direito internacional quando a Rússia invade a Ucrânia e, depois, ignorar o que é o direito internacional quando Israel está a utilizar meios absolutamente desproporcionais contra o povo palestiniano. Aquilo que dá autoridade moral à Europa é a coerência.”

E é este precisamente o ponto-chave sublinhado, em Bruxelas, pelo secretário-geral da ONU. Não pode haver dois pesos e duas medidas: é preciso coerência de princípios, quando se analisa a invasão russa da Ucrânia e a situação em Gaza: “Temos de ter princípios, na Ucrânia como em Gaza, sem dualidade de critérios.”

Guterres e Costa surgem assim com posições alinhadas sobre a crise humanitária em Gaza, com o ainda primeiro-ministro a transmitir ao secretário-geral da ONU, durante o almoço, que pode contar com mais 10 milhões de euros, para o apoio aos refugiados palestinianos.

A decisão já foi tomada em Conselho de Ministros: “Trata-se de um reforço, em 10 milhões de euros, do nosso apoio humanitário, um apoio específico à Agência das Nações Unidas para apoio aos refugiados palestinianos, de forma a assegurar a sua capacidade de fornecer alimentação, medicamentos, a ajuda humanitária ao povo palestiniano que está a ser vitima de um ataque inadmissível.”

Neste momento, os 27 estão a debater a situação na Ucrânia…segue-se o debate sobre o reforço da defesa europeia e só depois o assunto mais indigesto do momento, a guerra em Gaza.