A primeira-ministra britânica, Theresa May, admitiu esta segunda-feira que o governo continua sem apoio suficiente para fazer aprovar no parlamento o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE), mantendo-se incerto quando o fará.
"É com grande pesar que tive que concluir que, da maneira como as coisas estão, ainda não há apoio suficiente na Câmara [dos Comuns] para trazer de volta o Acordo para um terceiro 'voto significativo'", afirmou Theresa May.
May disse que continua a ter discussões com líderes e deputados de todos os partidos para tentar encontrar um consenso, mas alertou para o risco de o parlamento votar uma proposta que lhe dá precedência sobre o governo para agendar um debate sobre o ‘Brexit' e alternativas.
Pelo contrário, prometeu que o governo criaria tempo para os chamados "votos alternativos" terem lugar, isto apesar de a primeira-ministra se ter manifestado "cética" sobre este tipo de processo.
"Quando experimentámos este tipo de coisas no passado, produziram resultados contraditórios ou nenhuma conclusão", avisou.
Na semana passada, o Conselho Europeu concordou com uma prorrogação da data de saída do Reino Unido da UE até 22 de maio de 2019, desde que o Acordo de Saída seja aprovado pela Câmara dos Comuns até sexta-feira.
Se não acontecer, o Conselho Europeu estipulou uma prorrogação até 12 de abril de 2019 e disse que esperava que o Reino Unido indicasse um caminho a seguir antes de 12 de abril de 2019 para a consideração dos líderes europeus.
O Acordo foi chumbado a 12 de março por 391 votos contra e 242 votos a favor, uma diferença de 149 votos, repetindo o chumbo de janeiro por 432 votos contra e 202 contra, uma margem histórica de 230 votos.
Corbyn desafia primeira-ministra a declarar acordo de saída "morto"
O líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, desafiou hoje a primeira-ministra britânica, Theresa May, a declarar "morto" o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e a aceitar votos sobre alternativas.
"Tendo em conta que a primeira-ministra admitiu hoje que não tem o apoio suficiente para aprovar o acordo, podia aceitar que o acordo dela está morto e que a Câmara [dos Comuns] não deveria desperdiçar tempo a dar a mesma resposta pela terceira vez", afirmou Corbyn.
O líder trabalhista exigiu um "plano B" e defendeu ser altura de o "parlamento ganhar o controlo" do processo, prometendo o apoio do principal partido da oposição a uma proposta para forçar um debate na quarta-feira sobre alternativas à estratégia do governo.
Corbyn disse ter participado em discussões interpartidárias "para encontrar um caminho em frente", acrescentando: "Eu acredito existir apoio nesta Câmara para um acordo baseado numa alternativa que proteja empregos, a economia através de uma união aduaneira e acesso total ao mercado único e que nos permite continuar a beneficiar da participação em agências vitais e medidas de segurança".
Se o governo não concordar com uma alternativa determinada pelos deputados, pois os "votos indicativos" não têm caráter vinculativo, o partido Trabalhista vai aprovar "medidas para uma votação pública que impeça uma saída sem acordo ou um acordo caótico".