Numa nota publicada neste Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Comissão Nacional Justiça e Paz junta a “sua voz ao movimento global surgido na sequência do encontro de Assis que debateu a ‘Economia de Francisco’” e que visa dar uma nova alma à economia, partindo dos jovens e integrando todos num “novo barco económico”.
Nesse sentido, “apela aos responsáveis políticos e aos diversos decisores económicos, que considerem sempre o bem comum e a dignidade da pessoa humana nestes tempos pandémicos que atravessamos. Que as limitações económicas e financeiras não promovam situações de miséria. Que haja criatividade na repartição dos esforços, e coragem para atravessar este ‘deserto’ juntos, evitando sucumbir à tentação de aproveitamento da crise para “reestruturações” que descartem as pessoas”.
Na nota, a Comissão Nacional Justiça e Paz lembra que promoveu, há dias, uma conferência online sobre a “Economia de Francisco” – evento internacional promovido pelo Papa Francisco e alusivo a São Francisco realizado duas semanas antes, também online, a partir de Assis.
Nessa conferência, incluíram-se testemunhos de três jovens diretamente envolvidos na participação portuguesa (Rita Monteiro, Marta Bicho e Francisco Maia), a que se seguiu um diálogo com Luigino Bruni, diretor científico do evento.
Desses três testemunhos, a Comissão destaca o de Rita Monteiro: “é urgente trabalhar melhor, de forma mais equilibrada e focada, que haja trabalho para todos”, mas também “que todos sejam cuidadores”. “Para isso é preciso tempo; o mundo do trabalho pode aprender muito com o mundo do cuidado”.
A nota destaca depois a mensagem que o Papa deixou no final do encontro de Assis, em que Francisco, ao dirigir-se aos jovens, afirma ser urgente “reconhecer responsavelmente que o atual sistema mundial é insustentável de vários pontos de vista” e que “é indispensável uma mudança dos estilos de vida, dos modelos de produção e de consumo, das estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades”.
Ouvido pela Renascença, o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz sublinha a importância da mensagem saída do encontro de Assis. Pedro Vaz Patto reafirma ser necessário “pôr termo aos paraísos fiscais, porque nos roubam o presente e o futuro – expressão que consta do apelo final do encontro ‘Economia de Francisco’”.
Vaz Patto afirma que “alguns mecanismos que regem a economia presentemente contribuem para o acentuar da desigualdade”, designadamente “há estudos que comprovam que as existências destes paraísos fiscais fazem com que as grandes empresas com maiores lucros acabem por pagar menos do que pagam pequenas e médias empresas”.
“E este é um aspeto da injustiça do sistema que é denunciado neste apelo final do encontro de Assis”, reforça o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.