A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF), Isabel Jonet, diz ser “urgente evitar situações de rutura social” e que “é fundamental que se permita que as pessoas possam voltar ao trabalho”.
Isabel Jonet revela, em declarações à Renascença, que começa a haver "muitas famílias desesperadas porque não têm capacidade para pagar as suas contas”.
Receando pelo que ainda está para vir, Isabel Jonet pergunta, por outro lado, “como é que famílias vão aguentar o embate” quando surgir o momento de “se pagar os créditos que foram objeto de moratórias”.
“Uma vez que os números estão a cair, com todas as medidas de segurança para evitar o contágio e para evitar esta pressão que houve nos hospitais e nos profissionais de saúde, aquilo que me parece é que é fundamental é que se permita que as pessoas possam voltar ao trabalho, mas também que as famílias tenham onde deixar as crianças”, defende a presidente do BACF.
Isabel Jonet afirma ser imperioso “acautelar para que não haja estas situações de rutura social” até porque aquilo que se vê “é que começa a haver muitas famílias desesperadas porque não têm capacidade para pagar as suas contas”.
“E ainda temos este tema das moratórias, até porque, por agora, ainda não se pôs este tema de se terem de pagar os créditos que foram objeto de moratória, mas ele virá”, alerta, deixando, ainda, uma pergunta: “Como é que estas famílias vão aguentar mais esse embate?”
A presidente do Banco Alimentar adianta que “devido ao novo confinamento mais pessoas se viram impossibilitadas de trabalhar” e revela “uma pressão muito grande nas famílias porque não se vê que haja qualquer fim à vista”.
Isabel Jonet exemplifica a situação com o “acréscimo dos pedidos de ajuda à rede de emergência alimentar em que se verificou um acréscimo muito grande” passando de uma média de 52 por dia para mais de 200.
A responsável reforça a convicção da necessidade do trabalho em rede e adianta que a pandemia evidência o quão é “fundamental uma articulação de todas as entidades que no terreno podem intervir e apoiar as famílias até para que se possam gerar autonomias e que não se criem dependências”.
“Quando as instituições que no terreno dão apoio não se articulam aquilo que acontece é que as respostas podem-se sobrepor e por vezes não estarmos a ajudar efetivamente quem mais precisa”, alerta.
Nesta altura, de acordo com os dados avançados à Renascença por Isabel Jonet, “os 21 Bancos Alimentares espalhados pelo país estão a apoiar à volta de 450 mil pessoas, sempre em parceria com as 2750 entidades com as quais existe um acordo de fornecimento”.
A responsável recorda que os bancos alimentares espalhados pelo país “distribuem alimentos a instituições de solidariedade social parceiras - muitos centros sociais paroquias, muitas Conferências de São Vicente de Paulo, Associações, Fraternidades e até muitas associações informais que se constituíram e Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais”.
"Aquilo que se procura é não falhar a estas instituições com os produtos básicos”. A ideia é que “através da Rede de Emergência Alimentar que permitiu angariar muitos donativos possamos comprar produtos que são entregues através desta rede de entidades parceiras e em complemento com os produtos frescos que são distribuídos procuramos que não haja em Portugal ninguém que não tenha comida à sua mesa”.