A China rejeitou, nesta quinta-feira, chamar os movimentos militares russos na Ucrânia de "invasão" e pediu a todos os lados sejam moderados.
Ao falar numa conferência de imprensa em Pequim, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China incomodou-se com a caracterização dos jornalistas das ações da Rússia.
"Vocês estão a usar um método típico de interrogatório dos órgãos de comunicação social ocidentais usando a palavra 'invasão'. A China está a monitorizar de perto a situação. Pedimos a todos os lados que exerçam moderação para evitar que a situação fique fora de controle", afirmou Hua Chunying.
Sobre se a China libertaria reservas de energia em resposta ao ataque da Rússia, que elevou os preços do petróleo, a mesma responsável afirmou que todos os países devem trabalhar em conjunto para proteger a segurança energética global.
A Presidência de Xi Jinping fortaleceu os laços com Moscovo, tendo os líderes dos dois países mantido um encontro neste mês em Pequim. As compras milionárias de gás russo pela China têm sido uma tábua de salvação para Putin, que já estava sob sanções ocidentais por sua apreensão da Crimeia da Ucrânia em 2014.
A China é o único grande governo a abster-se de condenar o ataque de Putin. Mas amenizou isso pedindo moderação e respeito pela soberania nacional.
“Ainda esperamos que as partes envolvidas não fechem a porta à paz e se envolvam num diálogo e negociações, impedindo que a situação se agrave mais”, afirmou Hua Chunying.
Entretanto, a embaixada da China na Ucrânia pediu aos seus cidadãos que ficassem em casa e colocassem uma bandeira chinesa dentro do carro e sempre que se deslocarem.
A culpa é do Ocidente
O Governo de Jinping partilha com a Rússia o repúdio pelo domínio norte-americano na cena internacional e a rejeição à expansão da NATO para o Leste. Na perspetiva de Pequim, Washington e os seus aliados europeus são os responsáveis pelo conflito na Ucrânia.
“Todas as partes devem trabalhar pela paz em vez de aumentar a tensão ou exaltar a possibilidade de guerra”, afirmou a porta-voz chinesa. “Os lados que estavam ocupados a condena os outros, o que fizeram? Persuadiram-nos?”, questionou.
O ataque colocou agora Pequim numa situação delicada entre a cooperação com Moscovo e a sua própria situação nas fronteiras, face à situação no Tibete e em Xinjiang.