Ministério Público suspeita que Sócrates recebeu luvas do Grupo Espírito Santo
26-01-2016 - 20:21

Em causa pode estar o chumbo da oferta pública de aquisição da Sonaecom à Portugal Telecom. Antigo primeiro-ministro e Ricardo Salgado já reagiram.

O Ministério Público (MP) suspeita que o antigo primeiro-ministro José Sócrates recebeu luvas do Grupo Espírito Santo (GES), avança a SIC.

Os pagamentos ao arguido na “Operação Marquês” terão sido realizados a troco de favorecimentos políticos em decisões que envolviam o GES.

O Ministério Público suspeita que em causa possa estar, por exemplo, o chumbo indirecto da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela Sonaecom à Portugal Telecom (PT), em 2006.

A SIC refere que Ricardo Salgado era contra o negócio, porque a desblindagem dos estatutos da PT reduziria o poder do GES dentro da empresa de telecomunicações.

A OPA foi travada pelo voto contra de accionistas como a Caixa Geral de Depósitos, que era representada na Portugal Telecom por Armando Vara, que também é arguido no caso Sócrates.

O Governo assegurou na altura que não ordenou à Caixa que vetasse a OPA, mas o MP considera que o "não" por parte do banco estatal foi determinante para que a Sonaecom passasse a controlar a PT.

O MP ouviu em Setembro do ano passado, como testemunha, Paulo Azevedo. O ex-presidente da Sonaecom explicou como decorreu a preparação do negócio, dos contactos com accionistas da PT, nomeadamente com o GES e com a Caixa, e do aumento de participação que alguns accionistas fizeram, entretanto.

Antes de a OPA ser anunciada, Paulo Azevedo teve uma reunião com o então primeiro-ministro José Sócrates.

Segundo a SIC, na origem das suspeitas estão transferências de dinheiro realizadas através das contas do administrador do Grupo Lena, Joaquim Barroca, também arguido na “Operação Marquês”.

Os milhões circularam até à conta do empresário Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates com ligações ao Grupo Lena. O MP suspeita que o antigo primeiro-ministro tenha sido o destinatário.

José Sócrates negou, à SIC, qualquer favorecimento ao Grupo Espírito Santo e adiantou que nunca foi confrontado com essa suspeita. Acrescenta que só utilizou a "golden share" do Estado para travar a venda da Vivo, contra o desejo do GES.

Ricardo Salgado também já reagiu. Através da sua assessoria de imprensa, garante que "é absolutamente falsa" a notícia sobre um alegado favorecimento do Grupo Espírito Santo, por sua intervenção, junto de entidades políticas.

[notícia actualizada às 22h04 - com a reacção de Ricardo Salgado]