O Ministério Público pediu esta quinta-feira uma pena de prisão de 18 meses para o homem que esbofeteou o Presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira, durante uma viagem ao sudeste da França.
A agressão, “completamente inadmissível” é um “ato de violência deliberada”, argumentou o representante do Ministério Público, perante Damien T., que admitiu os factos na audiência.
Mostrando-se preocupado com a eventual reincidência de crime, o representante do Ministério Público afirmou ter -se apercebido de "uma espécie de determinação fria" neste homem, de 28 anos, desconhecido pela justiça.
A bofetada infligida a Emmanuel Macron durante uma viagem a Tain l'Hermitage despertou a indignação de toda a classe política francesa, apesar do Presidente da República ter relativizado o gesto, denunciando "atos isolados" cometidos por "indivíduos ultraviolentos "
“Esta decisão será observada, examinada” e terá até “eco na imprensa internacional”, acrescentou o procurador Alex Perrin.
Emmanuel Macron voltou hoje a subestimar o ocorrido, referindo acreditar que o país não se encontra numa situação de tensão como durante a crise dos “coletes amarelos” e preferindo insistir no ambiente de “otimismo” que sente em França.
“O que sinto no país é otimismo, é uma vontade de reencontrar a vida, é dinamismo” e “muita gente quer trabalhar ao máximo” enquanto a crise de saúde aumenta, disse o presidente francês em entrevista ao canal BFMTV, após um almoço com a seleção francesa de futebol no centro de treinos Clairefontaine, na região de Paris, na véspera do Euro futebol, que começa sexta-feira.
Neste contexto, Emmanuel Macrion disse que a França não se encontra no mesmo estado de “tensões muito fortes” em que se encontrou quando da “crise dos coletes amarelos”.
“Não façamos com que este ato estúpido e violento [a bofetada] diga mais do que diz”, acrescentou.
“É preciso colocar as coisas em perspetiva e não banalizar nada. Não importa receber um estalo quando se vai para uma multidão”, frisou.
O Presidente recusou-se também a comentar a aparição imediata do autor hoje em tribunal.
Para Emmanuel Macron, “a verdadeira violência não é aquela”, mas sim a sofrida pelas “mulheres que morrem por causa do companheiros e dos maridos”.
Questionado sobre a sua possível candidatura a um segundo mandato em 2022, Emmanuel Macron considerou "inoportuno" responder à pergunta, alegando que o faria “no momento certo”.
A este respeito fez um paralelismo com o futebol, alegando ser “como uma competição”. “Se você pensar na semifinal ou na final antes de disputar a primeira partida da fase de grupos, normalmente é assim que perdemos esta", disse.
“Os franceses deram-me uma missão durante cinco anos e vou cumpri-la até ao último quarto de hora, estando empenhado como estou desde o primeiro dia, isto é, no máximo”.
“Em algum momento, a questão do meu futuro pessoal surgirá e eu darei uma resposta franca”, prometeu.