O número de infeções respiratórias está a subir desde o início de outubro e um vírus em especial, que afeta geralmente crianças com menos de dois anos, está a preocupar.
Nas últimas três semanas foram registados 31 internamentos devido ao vírus sincicial respiratório (VSR), representando mais de 60% de todos os internamentos por infeções respiratórias agudas no mês de outubro, e o número mais alto de infeções deste vírus do último ano.
Segundo o boletim de vigilância da gripe, elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), quase metade dos 285 casos registados desde o ano passado aconteceram em bebés com menos de três meses. Cerca de 16% dos casos ocorreram em bebés prematuros e 15% tinham baixo peso ao nascer. Mais de 10% foram internados em Unidades de Cuidados Intensivos ou necessitaram de ventilação.
E, apesar de apenas terem sido registados três casos na semana de 17 a 23 de outubro, o número de crianças infectadas pode ser bem maior, uma vez que apenas um hospital reportou casos.
No relatório, o INSA esclarece que os dados são “provisórios” e “devem ser interpretados com cautela, tendo em conta a tendência crescente observada nas últimas semanas”.
À Renascença, o presidente do Colégio de Pediatria, Jorge Amil Dias, confirma um “número razoável de casos” nas últimas semanas, mas esclarece que não estamos perante um surto do vírus, mas sim perante uma deslocação de quando os casos ocorrem.
“Aquilo que parece estar a ocorrer é uma modificação dos meses em que o vírus surge, mais do que propriamente um aumento do número de casos.”
Como razão para o vírus surgir mais cedo este ano, Amil Dias indica a menor exposição a outros vírus durante o período da Covid-19, que diminui a imunidade de crianças.
“É natural que também ao nível do vírus sincicial respiratório e de outros vírus respiratórios, tenha havido uma modificação dos momentos em que é expectável observar estes aumentos de casos porque durante um período razoavelmente prolongado de dois anos, uma parte das crianças esteve numa situação de exposição substancialmente diferente”, refere.
Jorge Amil Dias adianta ainda que é cedo ainda para saber se estaremos já no pico de casos do RSV ou se o número irá ainda aumentar. “As comissões técnicas especializadas estão a acompanhar a situação e farão à DGS as recomendações oportunas para minimizar consequências”, acrescentou.