O primeiro-ministro relativizou hoje a questão sobre o momento em que as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) começam a chegar a Portugal, alegando que o programa está desenhado para uma corrida de fundo.
António Costa falava numa conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, após Ursula von der Leyen ter anunciado a existência de "luz verde" para que o PRR português seja agora submetido à apreciação do Conselho Europeu.
Interrogado sobre o momento em que as primeiras verbas chegarão a Portugal e se o processo burocrático em Bruxelas não poderá retardar a recuperação económico do país, o líder do executivo português respondeu: "A questão essencial não é a de se saber se o dinheiro chega esta semana, ou se vai chegar em agosto. Claro que quanto mais depressa chegar melhor", admitiu.
No entanto, de acordo com António Costa, o PRR português "não está desenhado para uma corrida de 100 metros, mas para uma corrida de longo curso, visando que tenha um poder transformador na nossa sociedade e não simplesmente para responder às necessidades imediatas da crise provocada pela covid-19".
"Para isso, temos outros instrumentos e outros mecanismos", alegou.
Em relação à recuperação económica de Portugal, o primeiro-ministro invocou as mais recentes previsões do Banco Central Europeu (BCE), que "fez uma revisão em alta do crescimento da União Europeia".
"E estou convencido que o Banco de Portugal acompanhará essas previsões", indicou.
Perante os jornalistas, António Costa insistiu na tese de que a aprovação PRR "é algo que tem uma dimensão histórica na União Europeia".
"Quando a covid-19 nos atingiu, estávamos bloqueados no Conselho Europeu a discutir as verbas para o próximo Quadro Financeiro Plurianual até 2030. A verdade é que a reação muito forte da Comissão Europeia obrigou o Conselho a reagir", sustentou, tendo Ursula von der Leyen ao seu lado.
Segundo António Costa, em julho passado, "apesar de ter consumido cinco dias e quatro noites, o Conselho conseguiu não só desbloquear o que estava bloqueado sobre o próximo quadro financeiro até 2030, como aprovou este programa que tem uma natureza histórica, porque é a primeira vez que a Comissão respondeu com um plano robusto do ponto de vista orçamental".
"Pela primeira vez, criou-se um instrumento orçamental para responder à crise. E esse instrumento é pré-financiado por recurso à emissão de dívida por parte da Comissão, que iniciou na terça-feira e que permitirá ao conjunto dos Estados-membros proceder à recuperação económica. Mas não podemos confundir os instrumentos de resposta de emergência da crise com estes programas que têm uma natureza não só de resposta imediata, mas que têm sobretudo uma vocação transformadora relativamente ao futuro", acentuou o primeiro-ministro.