João Cravinho e o caso Galp. "O importante é criar regras e não fuzilar quem quer que seja"
05-08-2016 - 12:57

O antigo ministro e deputado, autor, em 2006, de um pacote de medidas anti-corrupção travado pelo PS, sublinha que não há regras definidas para prevenir este tipo de situações. Todavia, Cravinho diz que o Governo agiu bem e que os envolvidos não saem limitados do caso.

O antigo ministro e deputado do PS João Cravinho defende que seja instituído "um código de conduta e de bom comportamento ético", porque "não há regras na vida pública portuguesa que previnam situações" como as que envolvem três secretários de Estado e a petrolífera Galp.

Cravinho - que foi, em 2006, o autor de um pacote de medidas anti-corrupção então travado pelo PS liderado por José Sócrates - diz não duvidar da seriedade dos nomes envolvidos, mas aponta que "há na percepção popular, com toda a legitimidade, a ideia de um potencial conflito de interesse, pelo que, de um ponto de vista ético e do funcionamento normal dos órgãos do Estado, essa situação não é aceitável".

Na perspectiva de João Cravinho, "devem ser rigorosamente definidas normas, de modo a que essas situações não ocorram", mas o antigo ministro adverte para um ponto: "Não é só publicar um código de conduta, é preciso fazer com que ele seja cumprido."

João Cravinho sustenta que "o Governo entendeu bem o que devia fazer" porque "a situação foi imediatamente corrigida". Nestas circunstâncias,os secretários de Estado envolvidos no episódio "não ficam, de maneira nenhuma, limitados na sua acção" porque "estiveram de boa-fé".

O antigo ministro socialista destaca o comportamento do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, que "imediatamente tomou consciência de que, de facto, a situação não era aceitável e, na medida daquilo que poderia estar ao alcance, procurou corrigir".

Cravinho faz votos de que "este episódio sirva para lançar um verdadeiro sistema de pedagogia de consciencialização e de responsabilização fiscalizada", porque esse "é o bom caminho".

"O importante é criar regras e não fuzilar quem quer que seja, porque, desse modo, estamos pura e simplesmente a dizer que a situação de fundo está podre e ninguém lhe mexe. Apanha-se um sujeito próximo e, então, fuzila-se e fica tudo na mesma", remata João Cravinho.