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Os representantes dos pais e encarregados de educação consideraram esta terça-feira que a exigência de prescrição médica para vacinar crianças entre 12 e 15 anos contra a Covid-19 é mais um obstáculo que pode criar desigualdades.
O esclarecimento foi feito pela Direção-Geral da Saúde (DGS) no domingo: a vacinação contra a Covid-19 de crianças sem doenças nesta faixa etária tem de ter prescrição médica, não bastando a vontade dos pais.
No entanto, esta exigência não tranquiliza as famílias, que falam em mais um obstáculo à vacinação a partir dos 12 anos, que poderá ser gerador desigualdades.
“A prescrição médica é um problema adicional porque os nossos filhos vão ter de passar pela opinião de um médico que pode ou não dar a prescrição”, disse à agência Lusa o presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Rui Martins.
Para o presidente de outra confederação, trata-se de uma questão de saúde pública e, por isso, não compreende que a decisão de vacinar ou não uma criança fique dependente da opinião de um médico.
“Não me parece que uma vacina seja propriamente uma questão de prescrição médica, porque estamos a falar de vacinar ou não numa perspetiva de saúde pública, não de tratar uma doença”, considerou Jorge Ascenção, da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap).
Esta exigência, além de representar aquilo que Rui Martins considera ser mais um obstáculo no processo de vacinação, poderá gerar desigualdades entre as famílias, prevendo que algumas tenham mais facilidade do que outras em conseguir a prescrição necessária.
Como exemplo, o presidente da CNIPE referiu que se uma família quiser que o seu filho seja vacinado e o médico de família - a que nem todas têm sequer acesso – decidir não passar a prescrição, então terão de recorrer o outro profissional e algumas não conseguem fazê-lo.
Por outro lado, os dois representantes das famílias partilham a confiança nas autoridades de saúde e, por isso mesmo, esperavam que fosse mais clara na recomendação da vacina a esta faixa etária.
“Parece-me que é preciso ser claro e coerente na informação, se a vacina é aconselhável a partir dos 12 anos, então há que assumir. A DGS tem muito mais informação e nós temos de e queremos acreditar nas autoridades de saúde”, sublinhou Jorge Ascenção.
Olhando para o futuro e, concretamente, para o próximo ano letivo, que está a pouco mais de um mês de distância, Rui Martins e Jorge Ascenção voltam a apontar a confiança nas autoridades de saúde, mas esperam que, caso a vacinação avance de forma generalizada até lá seja possível aliviar algumas medidas.
A este nível, o presidente da CNIPE disse ainda que, por isso, seria positivo que a maioria das crianças a partir dos 12 anos estivesse vacinada no início do ano letivo, em 17 de setembro, caso a DGS acabe por recomendar a vacinação universal.
A DGS recomendou, na sexta-feira, a administração prioritária de vacinas contra a Covid-19 apenas para crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades, considerando também que deve ser dada a possibilidade de vacinação a todas as crianças desta faixa etária por indicação médica e de acordo com a disponibilidade de vacinas, remetendo uma decisão sobre o acesso universal destas idades para mais tarde.
Ainda sobre a vacinação dos adolescentes entre os 12 e os 15 anos, a diretora-geral Graça Freitas disse na altura que a lista de doenças crónicas que justificam a vacinação nestas idades estava já preparada e pronta para ser publicada, para que os médicos possam fazer a recomendação de vacinação.
A vacinação universal continua, para já, a ser apenas recomendada a partir dos 16 anos, seguindo o plano de vacinação em curso.