A Alemanha tem de repensar a sua relação com os Estados Unidos porque já não pode considerar o país um parceiro totalmente confiável. É o que defende o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, depois de Donald Trump ter declarado numa entrevista que a União Europeia é um inimigo igual à China e à Rússia, pelo menos no que toca aos interesses comerciais norte-americanos.
Em resposta a estas declarações, Heiko Maas sublinhou esta segunda-feira que "já não podemos confiar totalmente na Casa Branca" de Trump e que, "para manter a parceria com os EUA", a Alemanha tem de "reajustar" a relação com a administração dos EUA.
"A primeira consequência clara" do que o Presidente norte-americano disse, acrescentou o chefe da diplomacia alemã aos jornalistas, "só pode ser a de que temos de nos realinhar ainda mais com a Europa" em detrimento da América de Trump.
Questionado sobre os recorrentes 'tweets' provocatórios do líder norte-americano, Maas repetiu a mesma ideia: "A Europa não pode deixar-se dividir, por mais duros que os ataques verbais e os tweets absurdos possam ser." E acrescentou: "Se o Presidente americano identifica a UE como 'inimiga', isto infelizmente mostra o quão vasto se tornou o Atlântico em termos políticos desde que Donald Trump chegou ao poder."
Esta manhã, Bruxelas já tinha reagido às mesmas declarações de Trump, ao declarar que as relações transatlânticas do bloco "não mudam com alterações na administração" dos EUA.
Os comentários do MNE alemão surgem na reta final de uma delicada excursão oficial de Trump à Europa, uma que levou o Presidente dos EUA a Bruxelas para uma polémica cimeira da NATO, antes de rumar a Londres para se encontrar com a primeira-ministra britânica, Theresa May, e de ontem ter aterrado em Helsínquia para uma antecipada cimeira com o líder da Rússia, Vladimir Putin, naquele que foi o primeiro encontro oficial entre os dois líderes.
Durante o encontro de dois dias da aliança atlântica, na semana passada, Trump causou controvérsia ao declarar que a Alemanha está "refém" da Rússia, levando a chanceler alemã, Angela Merkel, a ripostar, garantindo que Berlim é "totalmente independente nas suas escolhas políticas".