Ministra da Saúde identifica três "ameaças" ao desconfinamento
08-03-2021 - 13:56
 • Renascença

No final da reunião do Infarmed, Marta Temido disse que ouviu as propostas dos especialistas para a próxima fase de desconfinamento, mas não avançou pormenores sobre o plano que o Governo vai apresentar ao país na quinta-feira.

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A subida do risco transmissão de Covid-19, as novas variantes e a situação europeia em contraciclo com o contexto português "são ameaças que continuamos a enfrentar" para a próxima fase de desconfinamento, disse esta segunda-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, no final da reunião com especialistas do Infarmed.

Em declarações aos jornalistas, a ministra não confirmou nem desmentiu as notícias com detalhes sobre o plano de desconfinamento que o Governo vai apresentar na próxima quinta-feira.

O Governo ouviu hoje os especialistas e Marta Temido fez questão de destacar três "ameaças", apesar da tendência decrescente da pandemia, com menos casos e mortes por dia e a descida dos internamentos Covid em enfermaria e cuidados intensivos.

O primeiro alerta, disse a governante, é que o índice de contágio Rt "atingiu valor mínimo de 0,61 em meados a 10 de fevereiro e "está novamente a subir", um "sinal ao qual temos que estar atentos", frisou.

Em segundo lugar, a variante britânica - mais contagiosa - já representa 65% dos casos positivos em Portugal.

Outra questão está relacionada com o facto de os portugueses estarem a sair mais de casa, apesar das medidas do estado de emergência. "Há várias semanas que o índice de confinamento, apesar das restrições, tem vindo a reduzir-se. Registámos uma adesão mais elevada das medidas no final de janeiro, mas desde então registamos maior mobilidade da população", adiantou Marta Temido.


A ministra da Saúde disse que na segunda parte da reunião do Infarmed os especialistas apresentaram três cenários, entre os quais uma proposta e critérios para um desconfinamento por fases.

Questionada se os alunos mais novos podem voltar à escola na próxima semana, Marta Temido remeteu decisões para o conselho de ministros de quinta-feira.

“O que é relevante é perceber o quadro à nossa volta. O contexto que temos leva-nos a não perder de vista as ameaças que continuamos a enfrentar: risco transmissão a subir, novas variantes e contexto europeu em contraciclo ao contexto português", sublinhou.

Já o primeiro-ministro disse ter "uma base científica mais sólida" para tomar decisões na resposta à pandemia de covid-19, depois de os peritos em saúde pública terem convergido sobre critérios na reunião no Infarmed.

"É importante encontrar uma metodologia que pudesse partilhar com a comunidade qual é a sustentação científica dos riscos diferenciados, porque isso ajuda toda a gente a perceber as medidas adotadas e facilita a adesão. Sinto-me com ferramentas para ter um processo de decisão mais sustentado", afirmou António Costa, acrescentando: "O decisor político fica a partir de agora habilitado a ter uma base científica mais sólida para tomar as suas decisões".

Na reunião desta segunda-feira na sede do Infarmed, em Lisboa, os especialistas definiram algumas linhas vermelhas para começar o processo de desconfinamento.

Os especialistas defenderam, por exemplo, que o desconfinamento só deve acontecer com incidência 60 casos por 100 mil habitantes e quando os cuidados intensivos tiveram cerca de 245 internadas com Covid-19.

Portugal regista esta segunda-feira mais 25 mortes e 365 novos casos de Covid-19, indica o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). É o valor mais baixo de novos casos desde 7 de setembro e de óbitos desde 28 de outubro.