Emmanuel Macron rejeitou esta segunda-feira nomear um governo liderado pela Nova Frente Popular (NFP), a coligação de esquerda que conseguiu mais deputados nas eleições legislativas antecipadas de julho. O Presidente francês apontou para a necessidade de "estabilidade institucional" como justificação.
Num comunicado publicado pelo Palácio do Eliseu na rede social X (Twitter), o gabinete de Macron declara que "um governo baseado apenas no programa e partidos propostos pela aliança com o maior número de deputados, a Nova Frente Popular, seria imediatamente censurado por todos os outros grupos representados na Assembleia Nacional".
"Tal governo teria assim imediatamente uma maioria de mais de 350 deputados contra si, efetivamente prevenindo-o de agir. Dadas as opiniões dos líderes políticos consultados, a estabilidade institucional do nosso país requer que esta opção não seja escolhida", acrescenta a presidência francesa.
No final de julho, a coligação de esquerda propôs Lucie Castets para o cargo de primeira-ministra. Na altura, Macron empurrou o assunto com a barriga, apontando os Jogos Olímpicos em Paris como a prioridade do momento.
Emmanuel Macron começou a receber na passada sexta-feira os líderes dos partidos políticos franceses, sete semanas depois das eleições legislativas antecipadas que ele próprio marcou imediatamente após as eleições europeias, em que o seu partido foi fortemente derrotado - principalmente pelo União Nacional, de Marine Le Pen.
A presidência francesa indica que vai começar uma nova ronda de consultas aos partidos esta terça-feira. "Neste tempo sem precedentes na Quinta República, onde as expectativas das mulheres e homens franceses são altas, o chefe de Estado pede a todos os líderes políticos para estar à altura da ocasião ao demonstrar um espírito de responsabilidade", acrescentou o gabinete de Macron.
Numa citação direta, Emmanuel Macron declara como responsabilidade dele que "o país não seja nem bloqueado nem enfraquecido. Os partidos políticos do governo não devem esquecer as circunstâncias excecionais da eleição dos seus deputados na segunda ronda das eleições legislativas".