A procura de casa para arrendar mais do que duplicou no último ano, um salto visível em Lisboa e no Porto, que absorveram a oferta disponível. Os preços das casas para arrendar dispararam, para um valor médio recorde de quase 13 euros por metro quadrado.
No final de 2022, o stock de habitação atingiu o nível mais baixo desde 2019. Já a oferta de casas para arrendar tem variado nos últimos quatro anos.
Em 2019, o stock esteve praticamente estável, representando entre 0,3% e 0,4% do parque habitacional português. A oferta aumentou em 2020, com a pandemia, altura em que a oferta passou a representar 0,63% do parque habitacional. Com este aumento, as rendas caíram para o valor mais baixo dos últimos quatro anos.
Em 2021 o mercado voltou a mexer. No pós-confinamento, as famílias passaram a valorizar mais o espaço e as zonas exteriores e muitos decidiram mudar de casa. A partir de julho de 2021, aumentou a procura de casa para arrendar e em 2022 atingiu recordes.
No último ano tudo voltou a mudar, com a subida da inflação, a perda de poder de compra e o aumento dos juros. Comprar ficou mais difícil, o que aumenta a procura por arrendamento. Cresceu também o interesse de estrangeiros pelo mercado nacional de arrendamento, através de estudantes, nómadas digitais ou fatores geopolíticos, como as eleições no Brasil.
Mais procura faz subir as rendas
“Pouco tempo depois de a procura disparar e da oferta começar a cair, os preços das casas para arrendar começaram a aumentar”, revela este estudo.
Trimestre após trimestre, a subida da procura foi absorvendo as casas disponíveis para arrendar. O que estava disponível foi ficando cada vez mais caro.
Para apoiar as famílias, o governo fixou um limite de 2% para o aumento das rendas, compensando os senhorios a nível fiscal. Mas muitos optaram por renegociar ou pôr termo aos contratos de arrendamento e celebrar novos, com preços mais elevados. Ou seja, a medida não terá conseguido travar o aumento das rendas.
Arrendamento inacessível
As casas disponíveis neste momento não chegam para satisfazer a procura.
Segundo os dados do idealista/data, o stock de casas para arrendar atingiu 0,27% do parque habitacional no final de 2022, o nível mais baixo dos últimos quatro anos. A procura alcançou o máximo da série do idealista/data. As rendas subiram até 13 euros/m2 em média, no final de 2022, o maior valor registado desde 2019. Em suma, o estudo conclui:
“O mercado de arrendamento em Portugal está a ficar cada vez mais inacessível, dado que há baixa oferta para a alta procura e as rendas das casas estão a escalar para níveis incompatíveis com os rendimentos das famílias.”
Esta situação é transversal a “praticamente todos os distritos do país, onde as famílias são incapazes de satisfazer os seus interesses devido à escassez geral de stock”, é acrescentado.
Lisboa e Porto: mercado esgotado
No distrito de Lisboa, o mercado de arrendamento está em linha com o país: a oferta de arrendamento aumentou com a pandemia, mas as circunstâncias fizeram disparar também a procura e as rendas das casas subiram a alta velocidade em 2022. O ano terminou com as rendas nos 16,3 euros/m2, o maior valor registado desde 2019.
No Porto, a pandemia fez disparar a oferta para arrendamento, mas no último ano o mercado regressou à tendência anterior, “marcado pela subida a pique da procura de casas, pela descida da oferta e o consequente aumento das rendas das habitações”. As rendas das casas no distrito do Porto subiram, sobretudo, na segunda metade de 2022, para 12,3 euros/m2 no final do ano passado, o máximo registado desde 2019.