Pelo menos metade dos universitários portugueses afirma estar em “burnout” académico, segundo o estudo do Instituto de Psicologia Aplicada (ISPA), que vai ser apresentado esta sexta-feira. João Marôco, professor responsável pelo estudo, descreve ao jornal “Público” a situação como sendo “deveras preocupante”.
O que é “burnout” académico? O investigador fala de “elevada exaustão emocional, elevada descrença relativamente à utilidade dos estudos e elevada ineficácia académica”.
O mês de janeiro, marcado pela época de exames, é uma altura particularmente difícil. Mas este relatório aponta para algumas dificuldades sentidas no dia a dia dos estudantes, como a falta de condições de habitação e a descrença no futuro profissional.
“Os anos da troika acentuaram muito a descrença dos estudantes quanto ao seu futuro profissional, que ainda permanece porque a situação socioeconómica do país continua a ser difícil”, aponta o investigador do ISPA. Não faltam relatos de diplomados que acabam “a trabalhar em call-center, como caixas de supermercados, ou que então emigram, e tudo isto passa para dentro da universidade aprofundando a descrença e o abandono académico”, sublinha.
Outro dos riscos também associados risco elevado de “burnout” é o facto de muitos jovens serem estudantes deslocados, estando longe das suas áreas de residência. Até porque as condições em que muitos destes alunos vivem não ajudam em nada ao seu rendimento académico.
Um levantamento divulgado pelo mesmo investigador em 2012, com base num
inquérito apenas a estudantes de Lisboa, dava conta de que “apenas” 15% deles
estavam em burnout. Um valor que entre os alunos que estudam na capital subiu
agora para 52%. Mas é na Universidade de Aveiro que se observa a incidência
mais elevada, com 64,9% dos seus alunos a apresentarem sintomas deste estado.