O ex-dirigente socialista Francisco Assis defende que os mais altos responsáveis do PS devem entender-se em torno de uma nova liderança "agregadora", de unidade e "sem medo" de enfrentar eleições legislativas antecipadas.
Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo atual presidente do Conselho Económico e Social (CES), que tem sido apontado por membros da chamada "ala moderada" dos socialistas como um dos possíveis candidatos à sucessão de António Costa no cargo de secretário-geral do PS, a par do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
"Nas presentes circunstâncias políticas pede-se aos mais altos responsáveis do PS que tudo façam para que haja um entendimento em torno de uma candidatura à liderança do partido. O PS não deve ter medo de enfrentar eleições antecipadas e deve unir-se em torno de uma nova liderança agregadora e combativa", sustentou Francisco Assis.
Na mesma declaração à agência Lusa, Francisco Assis advertiu que o país vive "um tempo excecional que reclama um especial sentido de responsabilidade individual e coletiva".
"Não podemos passar a ideia de que estamos agarrados ao poder e com receio do voto popular. O PS é um grande partido democrático e tem todas as condições para enfrentar com sucesso os desafios do futuro", acrescentou.
Na terça-feira, em conferência de imprensa, o presidente do PS, Carlos César, afirmou que os socialistas estão preparados para qualquer cenário: Eleições ou mudança de liderança do Governo.
Questionado se o PS vai antecipar o seu Congresso Nacional, que está marcado para os dias 15, 16 e 17 de março, o antigo presidente do Governo Regional dos Açores e líder parlamentar socialista disse que se recusa para já "a fazer considerações" sobre esse ponto.
"Não conhecemos qual a decisão do senhor Presidente da República. Em função da sua decisão, o PS ajustará, se for o caso, os procedimentos internos necessários para responder à situação que entretanto for criada", afirmou.
O secretário-geral do PS, António Costa, que na terça-feira apresentou ao Presidente da República a sua demissão das funções de primeiro-ministro, convocou para quinta-feira uma reunião da Comissão Política Nacional do seu partido.
De acordo com uma nota do PS, a reunião do órgão de direção alargada desta força política, que está agendada para as 21:00, terá como ponto único da ordem de trabalhos a análise da situação política.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.
O Presidente convocou hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira, dia em que está previsto falar ao país.
O primeiro-ministro recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".