Sampaio, um "político de coragem" e "generoso"
10-09-2021 - 11:36
 • Lusa

Antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.

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O ex-líder do PSD Luís Marques Mendes recordou o ex-presidente Jorge Sampaio, que faleceu aos 81 anos, como um "senhor na política", "um político de coragem" e um "homem generoso e solidário para com os outros".

"Para além de o recordar como um amigo leal e solidário, eu recordo-o como uma pessoa que era um senhor na vida política, uma referência política, uma referência moral e uma referência ética. Tinha princípios, tinha regras e tinha convicções", salientou Marques Mendes em declarações à Lusa.

O líder do PSD entre 2005 e 2007 refere que Jorge Sampaio era "solidário com os seus camaradas de partido", mas também "muito leal e amigo com os adversários", dando o exemplo da campanha autárquica de Lisboa, em 1989, em que Jorge Sampaio concorreu contra Marcelo Rebelo de Sousa, mas também a campanha para as eleições presidenciais, em 1995, contra Aníbal Cavaco Silva, tendo Jorge Sampaio, em ambos os casos, desenvolvido relações de "amizade e de cordialidade" com os seus adversários.

"Sampaio era assim: defendia as suas convicções, mas era de uma enorme lealdade e correção com os adversários e acabava a fazer, em cada adversário, um amigo", refere Marques Mendes.

Relembrando também um político de "coragem serena, tranquila" que não era a "coragem do murro na mesa ou de subir os decibéis", Marques Mendes salienta que esse traço de personalidade ficou visível tanto "antes do 25 de abril, como depois".

O ex-líder do PSD relembra assim que, aquando da candidatura de Jorge Sampaio à Câmara Municipal de Lisboa, "ninguém no Partido Socialista queria ser candidato" porque todos "achavam que era uma eleição perdida", tendo o ex-presidente "dado a cara, avançado, arriscado e ganhado".

No mesmo sentido, durante a sua primeira candidatura à Presidência da República, Jorge Sampaio demonstrou "muita coragem, segundo Marques Mendes, numa altura de guterrismo dentro do Partido Socialista, "quando, no país, Cavaco Silva estava em alta" e se achava que Sampaio "não tinha perfil, não tinha estatuto, não tinha condições para ganhar uma eleição dessa natureza".

"E a verdade é que ele arriscou, avançou, marcou posição com muita antecedência e ganhou", frisa.

Recordando também os dois mandatos de Jorge Sampaio enquanto Presidente da República, Marques Mendes destaca uma "presidência muito digna, mas cheia de dificuldades".

Segundo Marques Mendes, "em todos estes momentos", destaca-se a "marca da coragem", que também se notabilizou aquando da crise de Timor Leste que teve, "no seu desfecho final favorável aos timorenses, uma enorme ajuda de Jorge Sampaio".

"Finalmente, destacaria ser homem muito generoso e muito solidário e acho que o exemplo máximo, a marca mais visível desta generosidade e solidariedade está na campanha que há anos a esta parte Jorge Sampaio tinha vindo a fazer em torno da integração de estudantes sírios em Portugal", conclui.

Enviando assim uma "palavra de condolência à família" e ao PS, Marques Mendes destaca que o falecimento de Sampaio é "uma grande perda para o país e para a democracia".

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.