Querem “silenciar e destruir” Rui Pinto em vez de “perseguir quem pratica os crimes”
20-09-2019 - 16:15
 • Renascença

Alegado "hacker" foi acusado dos crimes de extorsão na forma tentada e acesso ilegítimo. Advogados confrontam a ilibação do Benfica do caso "e-toupeira" com a acusação a Rui Pinto.

A defesa de Rui Pinto, liderada pelos advogados William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota, acusou, esta sexta-feira, o Ministério Público (MP) de estar mais preocupado em "perseguir" aqueles que denunciam crimes do que "investigar" aqueles que, alegadamente, os praticam.

Em comunicado, com alusão à ilibação da SAD do Benfica do processo "e-toupeira", a defesa do alegado "hacker" comentou que a equipa constituída pelo MP para investigar a criminalidade no mundo do futebol "parece estar mais dedicada a perseguir aqueles que a denunciam do que a investigar aqueles que a praticam".

Na quinta-feira, Rui Pinto foi acusado dos crimes de extorsão na forma tentada e acesso ilegítimo. A defesa lamenta que o MP consiga "evitar que a SAD de um clube de futebol seja pronunciada" por corrupção, ao mesmo tempo que "consegue 'descobrir' 147 crimes contra o seu constituinte".

"E enquanto em Espanha a Doyen é objeto de processos fiscais e criminais, em Portugal goza do beneplácito das autoridades de investigação", pode ler-se no comunicado.

A defesa conclui que com a acusação e consequente pedido de manutenção da prisão preventiva, em que o "hacker" está desde o dia 22 de março, "confirma-se a vontade do Ministério Público de silenciar e destruir Rui Pinto, evitando que prossiga a colaboração que vinha mantendo com as autoridades de investigação de outros países".

Os advogados sublinham que a acusação deduzida contra Rui Pinto contém "numerosas falsidades, nulidades e ilegalidades", às quais irão reagir no processo "no seu devido tempo".

Acusação impediu libertação

Rui Pinto seria libertado no domingo, após cumpridos os seis meses de prisão preventiva, caso não fosse acusado pelo Ministério Público.

Em causa, está o caso do acesso ilegítimo aos e-mails da Doyen e do Sporting. O advogado de Rui Pinto, Aníbal Pinto, foi também acusado.

Rui Pinto foi detido na Hungria, ao abrigo de um mandado de captura internacional, e foi extraditado para Lisboa, acompanhado por elementos da Polícia Judiciária.

O também colaborador do "Football Leaks" terá entrado, em setembro de 2015, no sistema informático da Doyen Sports, com sede em Malta, e é também suspeito de aceder ao endereço de correio eletrónico de membros do Conselho de Administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD leonina.