“Venho dar um abraço ao Luís”, “venho dar um abraço ao Pedro Nuno”, informavam personalidades das diferentes forças políticas inquiridas pelos repórteres. Foi esta candura que suscitou o comentário de Helena Matos, na TVI, que reproduzimos no título. A SIC foi a estação de televisão preferida pelos portugueses na noite das eleições legislativas deste domingo. A TVI estreou um novo dispositivo, com grande mobilidade de José Alberto de Carvalho, o mestre da cerimónia, conferindo uma velocidade à emissão pouco habitual no panorama nacional. O “comentariado” da SIC terá sido determinante para a escolha dos espectadores. A CMTV ocupou a terceira posição, à frente da RTP, o que é inédito.
Na noite das televisões, de repente, pareceu que tinha sido o Chega a ganhar as eleições. De resto, durante toda a campanha e até antes desse período, a generalidade dos Media colocou André Ventura no centro do debate político e das discussões no espaço público, acabando por alimentá-lo como polo do protesto. Os comentadores das televisões elegeram o presidente da República como um dos grandes derrotados da noite, considerando que a matéria publicada pelo Expresso, nas vésperas da eleição, foi um claro apelo ao voto na AD.
Ainda sem a contagem dos votos dos dois círculos da emigração, a AD acrescenta menos que poucochinho ao resultado de Rio com o PSD sozinho. Usando o enigma de Luís Marques, a semana passada, repõe-se a pergunta: para que serviu o CDS?; o PS dá um trambolhão dos antigos; a Esquerda, no seu conjunto, recua; o Chega multiplica por 4 o número de deputados, assim como o Livre. A IL cresce na votação, mas mantém o número de deputados. Vamos ver que solução de governo pode sair destes resultados.
Logo a seguir à noite eleitoral, Mariana Mortágua lançou um repto a todos os partidos de esquerda, “os partidos do campo democrático”, para usar a expressão dela, no sentido de “construírem uma alternativa” e “convergirem na oposição à direita”, a toda a direita, metendo no mesmo saco PSD, CDS e Chega. Para o anúncio dos convites aos putativos parceiros, a coordenadora do Bloco não chamou os jornalistas. Publicou um vídeo nas plataformas digitais. Todos os Media amplificaram a iniciativa, mas a verdade é que a decisão de usar as redes sociais em vez dos meios tradicionais inaugura um novo tempo na prática política e na relação com os cidadãos. A constatação de António Barreto de que a “democracia se joga na televisão”, talvez não seja assim tão definitiva.
A greve geral dos jornalistas desta quinta-feira, convocada pelo sindicato da classe, aconteceu mais de 40 anos depois da anterior.
A paralisação que deixou sem notícias rádios como a Antena1 e a TSF, e determinou o encerramento da linha da Lusa, ocorreu dois ou três dias depois de os novos donos da Global Media terem anunciado um despedimento coletivo. Uma má notícia para a atividade, ficando por esclarecer o que pretendem os novos donos da empresa que detém a TSF, o DN e o JN, entre outras publicações.
Depois das declarações de amor pelo DN e JN, e a assunção de que a TSF é um ativo importante, agora o anúncio de um despedimento coletivo porque “a situação é insustentável”. E não era antes, quando decidiram avançar para a compra?
O meio rádio, pelo seu lado, continua a demonstrar grande capacidade para atrair investidores. A ERC acaba de validar a transferência para a Medialivre de duas frequências de FM, em Lisboa e no Porto, adquiridas ao empresário Luís Montez. A Medialivre junta agora a rádio aos jornais Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios, Sábado e à CMTV, transformando-se no único grupo verdadeiramente multimédia no panorama nacional.
No plano da inovação, o Supertoast, um projeto editorial sobre inovação e a nova economia, da consultora Instinct, estreou esta semana o primeiro podcast e conteúdo de rádio a utilizar IA para clonar vozes.
Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, o mistério do ADN e do seu presidente; alguém vai preocupar-se com os votos sem préstimo e corrigir o desperdício? Os partidos fantasma nos boletins de voto. O que é que a CNE faz? Trump e Biden outra vez na corrida à Casa Branca. Os americanos não conseguem arranjar melhor?