O presidente do Chega, André Ventura, disse esta segunda-feira, em Santarém, que não é negacionista da Covid-19 e que vai chamar ao parlamento os responsáveis pela segurança interna para saber se existe, de facto, uma tentativa de “incriminar” o partido.
André Ventura respondia aos jornalistas no final do almoço-comício realizado esta segunda-feira em Santarém, no qual o vice-presidente António Tânger Correia afirmou ir revelar “um segredo de Estado”, o de que foi criado um “grupo de trabalho entre as secretas e a Polícia Judiciária para incriminar o Chega” numa alegada ligação aos negacionistas, que têm atacado figuras como o coordenador da ‘task force’ da vacinação contra a Covid-19 e o presidente da Assembleia da República.
“Não sei absolutamente nada”, começou por afirmar André Ventura, assegurando que nem ele nem o partido são negacionistas e que as manifestações que organizam são suas, não patrocinando as de outros.
“Não sei se alguém nos quer incriminar ou não. Se for, é muito grave”, declarou acrescentando que, com a informação dada esta segunda-feira por Tânger Correia, vai “procurar chamar ao parlamento quer a liderança da segurança interna, quer os Ministérios envolvidos, para saber se, de facto, há alguma tentativa do Governo de incriminar o Chega falsamente e de forma forjada ou falsa”.
“Se isto acontecer é gravíssimo, significa que retrocedemos 50 ou 60 ou 70 anos”, disse, acrescentando não querer “acreditar que agências do Estado, responsáveis pelas informações, pela fiscalização, pelo policiamento e pela garantia da segurança, estejam a procurar incriminar o Chega” ou o seu líder.
Questionado, ainda, sobre referências, nos seus discursos, a oposicionistas internos à sua liderança, André Ventura afirmou estar a dirigir-se aos que acham que “a linha do Chega, por ser demasiado assertiva e às vezes demasiado radical, pode colocar em causa acordos com o PSD para o Governo”.
“Sei que há uns que acham que estamos a comprometer a possibilidade de fazer um Governo com o PSD, mas não é isso que me preocupa”, declarou, frisando que essa postura não vai mudar depois das autárquicas e que quem vai por aí terá de o “derrotar em eleições diretas”.
André Ventura disse, no seu discurso, esperar que o Chega seja a terceira força política nas eleições autárquicas do próximo domingo, “primeiro degrau” para ser “uma enorme força nacional” nas legislativas de 2023.