Cardeal Américo Aguiar publica nota sobre a situação difícil dos mariscadores na diocese de Setúbal, sobre os quais há a registar uma morte recente e um desaparecimento.
Na nota, a Diocese de Setúbal adianta que ela se “pode alargar a todos os que vivem situações de exploração e pobreza”, e sublinha a coincidência de ser publicada na mesma altura da Declaração Dignitas infinita, sobre a dignidade humana.
Com o titulo “a indiferença pelo sofrimento fraterno”, D. Américo penitencia-se perante a impotência de não saber como ajudar. “Num destes últimos dias, mais dois irmãos nossos, reduzidos ao nome de mariscadores, morreram no Tejo”, começa por assinalar o bispo de Setúbal.
Na nota, o bispo de Setúbal lança algumas perguntas: “Que podemos e devemos fazer? Como corresponder às expectativas de todos os envolvidos, quem marisca, quem vende, quem compra? Como fazer bem feito, sem explorar, sem desrespeitar, sem matar?” a que “infelizmente” não sabe responder.
D. Américo Aguiar afirma que independentemente da sua proveniência “são irmãos nossos” que “um após outro, vão morrendo”, na “atividade ilegal”.
“Sinto-me incapaz de me fazer ouvido; quero gritar por eles e com eles, mas sei que eles não querem visibilidade, pelo menos os vivos”, desabafa o bispo.
O bispo alude a uma atividade ilegal que “ciclicamente os media e as autoridades a todos nos lembram e mostram”, e assinala que “estes irmãos sonham construir sonhos, alimentar famílias de longe, muito longe e de perto”.
“É ilegal, mas todos baixamos a guarda e os olhos”, lamenta.
“É exploração, mas porventura usufruímos e baixamos os olhos”, acrescenta.
D. Américo Aguiar finaliza a nota assegurando a sua oração “aos pés da Mãe do Céu”. “Recomendo-vos, um por um. Todos, todos, todos”, conclui.