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Tal como em muitas outras coisas, também nos museus, palácios e monumentos nada será como antes na nova fase de desconfinamento.
A reabertura agendada para a próxima segunda-feira, Dia Internacional dos Museus, faz-se com novas regras. Quem quiser entrar nestes espaços de cultura, vai ter de usar máscara. Mas há outras condições para as visitas, desde logo porque terá de ser assegurado o distanciamento social.
No caso da Torre de Belém, só poderá comportar “em simultâneo dez visitantes” de cada vez, admite a diretora. Dalila Rodrigues explica à Renascença que o baluarte, classificado pela UNESCO como património da Humanidade, “tem uma caraterística arquitetónica que condiciona muitíssimo a capacidade de admissão”.
A historiadora de arte descreve que o monumento é composto “pela torre ao alto e o baluarte. No caso da torre, que é constituída por quatro pisos, o acesso pela escadaria é tão estreito que obriga a que os visitantes não tenham distanciamento suficiente”.
Nas contas de Dalila Rodrigues, “não será possível admitir mais do que dez pessoas em simultâneo na torre”. Condicionado ficará também o acesso a parte dos pisos do monumento. Só será “50% visitável”. Este fato levará, depois de dia 18, a uma redução para metade no preço do bilhete, que passará de seis para três euros.
Mosteiro dos Jerónimos abre claustro e igreja
Já o monumento mais visitado do país, o Mosteiro dos Jerónimos que soma mais de um milhão de entradas, vai também passar a ter de seguir as regras do Plano Sanitário de Prevenção de Riscos da Direção Geral do Património Cultural.
“Será obrigatório que os visitantes usem máscaras”, quer nos Jerónimos, quer na Torre de Belém indica Dalila Rodrigues. A diretora que tutela também o mosteiro manuelino esclarece que “é obrigatório respeitar os dois metros de segurança e, na admissão de visitantes, é fundamental a regra de aplicar os 25 metros quadrados por visitante”.
Encerrado, tal como os outros monumentos desde 13 de março, o Mosteiro dos Jerónimos vai receber visitantes no “claustro e na igreja”, refere a diretora, que explica que o monumento classificado pela UNESCO como património da Humanidade “tem espacialidade e escala” e “caraterísticas arquitetónicas que permitem oferecer um percurso seguro”.
Quanto à igreja dos Jerónimos, “haverá um sentido obrigatório de modo a evitar o cruzamento de público, ou nós de estrangulamento”, diz Dalila Rodrigues.
Em entrevista à Renascença, o cónego José Manuel dos Santos Ferreira, da paróquia de Santa Maria de Belém, espera pelo regresso dos seus paroquianos. “Acredito que haja um grande desejo dos paroquianos de aqui se dirigirem para fazer a sua oração”, admite o cónego que só poderá voltar a celebrar missa naquela igreja no final do mês de maio.
Museu de Arqueologia com visitas de uma hora. Museu dos Coches fecha à hora de almoço
São dos museus mais visitados do país, o Museu Nacional dos Coches e o Museu Nacional de Arqueologia também vão assinalar o Dia Internacional dos Museus com a reabertura de portas, mas, sem turismo, viram-se agora para o público português.
No caso do Museu de Arqueologia, o diretor António Carvalho diz à Renascença que “não poderão estar mais do que 64 visitantes em todo o museu, distribuídos pelas diferentes exposições” e irão impor “um limite de uma hora” para a visita para garantir a circulação.
O responsável, recentemente renomeado para o cargo, explica que terá de ser assegurado o “distanciamento de dois metros entre pessoas, que não sejam da mesma família”. Também aqui, é obrigatório o uso de máscara e o museu irá dispor de álcool gel para desinfeção das mãos. Já os funcionários poderão também usar viseira, além das barreiras acrílicas que foram colocadas em zonas de contato com o público.
Também no caso do Museu dos Coches, que faz este ano 115 anos, a reabertura será às 10h00 de segunda-feira, mas o museu vai encerrar para almoço entre as 13h00 e as 14h30 por falta de pessoal, depois voltará a receber público até às 17h00. Também encerrado irá ficar o Picadeiro Real, onde funcionava o antigo museu. É que neste momento, o museu “só tem nove vigilantes”, dos 29 habituais.
À Renascença, a diretora Silvana Bessone explica que poderão ter, em simultâneo, dentro do museu projetado por Paulo Mendes da Rocha, no máximo, 60 pessoas que entram em grupos de seis a dez pessoas de cada vez.
Os Coches preparam, entretanto, atividades para dia 23 de maio, data do aniversário do museu, com a projeção de um filme dedicado à fundadora, a Rainha D. Amélia, visitas guiadas e ateliers infantis.
Que expetativa têm de público, perguntamos aos diretores dos museus de Arqueologia e dos Coches. António Carvalho é claro: “segunda-feira vamos abrir sem expetativa nenhuma”. Também Silvana Bessone mostra-se preocupada porque não há turistas em Portugal com as fronteiras fechadas, também não há escolas e consequentemente, não há visitas de estudo. Também os visitantes da terceira idade, estando agora no grupo de risco, poderão não ir ao museu. Há que contar com o público nacional, e esse, o que for, terá visitas guiadas.
António Carvalho também aposta tudo nos visitantes portugueses confinados a casa nos últimos meses. “Estamos a convidar os vizinhos, daqui de Algés, de Alcântara, da Ajuda. São aqueles que sabem que o museu se chama o Museu de Belém, que é como aparece nos postais antigos”. O diretor de Arqueologia deseja esse “reencontro com o público local nacional” e assegura que irão “manter o trabalho no mundo digital”, onde nos tempos de confinamento conquistaram novos públicos.
Museu de Arte Antiga vai desvendar o restauro dos painéis de São Vicente
Com 170 mil visitantes ao ano, o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) reabre portas ao público esta segunda-feira com uma nova exposição temporária, um concerto de piano, mostra uma obra inédita de Domingos Sequeira e vai por a nu o restauro do tesouro nacional, os Painéis de São Vicente de Fora.
A famosa obra de Nuno Gonçalves vai ser intervencionada ao longo do ano, num trabalho de restauro que se deve prolongar até 2022, de forma faseada.
A equipa de conservação será acompanhada por outra equipa internacional, com peritos vindos de museus de renome como o Prado de Madrid, o Metropolitan de Nova Iorque ou membros da universidade belga de Ghent. Os trabalhos de restauro poderão ter, diz o MNAA em comunicado, “acompanhamento in loco”, numa zona “devidamente vedada, mas visível a quem visita” o museu.
Ainda no dia 18, o MNAA vai abrir na Sala do Tecto Pintado a exposição temporária “A Linha que fecha também abre”. Até 26 de julho serão mostrados cinco desenhos do artista contemporâneo Julião Sarmento, em diálogo com “oito desenhos italianos do Renascimento, e sua extensão ibérica, selecionados do acervo do MNAA. O comissariado está a cargo de João Pinharanda”.
Haverá ainda um concerto de piano, mas à porta fechada. Na reabertura do MNAA, o pianista Pedro Emanuel Pereira vai tocar numa sala sem público, mas o concerto poderá ser acompanhado em direto, a partir das 19h00, na Antena 2 que garantirá a sua transmissão ao vivo.
Este ano, o Dia Internacional dos Museus dedicado ao tema “Museus para a Igualdade: diversidade e inclusão”, não contará com a habitual Noite dos Museus por razões que se prendem com a situação de pandemia.