O secretário-geral comunista defendeu esta terça-feira que o PS está à procura da maioria absoluta “para se libertar da influência do PCP”, mas apontou que “há outras saídas” da crise política sem ser eleições antecipadas.
Os socialistas “querem uma maioria absoluta para se libertarem da influência do PCP, que obrigou o PS, mesmo contra o seu programa e a sua vontade, a um conjunto de medidas positivas”, disse Jerónimo de Sousa, durante uma sessão intitulada “#OCapitalismoNãoÉVerde”, no Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa.
Estava previsto que esta iniciativa com jovens decorresse no Jardim de São Pedro de Alcântara. A chuva alterou os planos, mas não demoveu as dezenas de jovens, uma parte elementos da JCP, que encheram a principal sala deste centro de trabalho.
O secretário-geral do PCP reforçou uma das principais críticas apontadas nas últimas semanas pelos comunistas: “O Orçamento do Estado não passou na Assembleia da República porque o Governo não deu os sinais e não assumiu os compromissos” que o partido reivindicou.
“A esclarecedora declaração de António Costa, no final do debate do Orçamento, pedido uma maioria duradoura, estável e reforçada, que é apenas uma forma elaborada de não falar da maioria absoluta que querem, fala por si”, acrescentou.
Perante a jovem plateia, Jerónimo de Sousa disse que “há outras saídas”, que não a antecipação de legislativas, mas, “se a opção é ir para eleições, então, aqueles que dizem que ter um país sem Orçamento e parado muito tempo é um desastre, não venham agora pedir para que se adie a clarificação da situação”.
O dirigente comunista pediu, por isso, “mais força” para o PCP, durante um discurso em que também criticou a “mercantilização” do combate às alterações climáticas, considerando que “o capitalismo não é verde”, referindo-se ao mote da iniciativa.
“Existe quem se aproveite do discurso catastrofista para fomentar a aceitação, ao nível das massas, de que os problemas ambientais se resolver exclusivamente com recurso à tecnologia, a mecanismos financeiros e especulativos, à taxação dos comportamentos individuais, a mercados e a consumos ditos verdes”, sustentou.
O Governo PS, continuou, também tem a cota-parte de culpa neste problema, já que “esconde a penalização das camadas laboriosas, passando o ónus da degradação ambiental do modo de produção capitalista para todos e cada um dos trabalhadores e para os seus comportamentos individuais”.
O membro do Comité Central comunista também criticou a utilização da “etiqueta 'ambiente'”, com a “cumplicidade” do Governo, para, por exemplo, encerrar uma refinaria “financiada com fundos públicos, com o Estado a assumir os custos da Galp, em particular, as “indemnizações aos trabalhadores e a recuperação dos solos da refinaria”.
Criticando a quantidade de intenções e a falta de respostas concretas, na ótica do PCP, apresentadas na cimeira climática, que está a decorrer em Glasgow, na Escócia, Jerónimo de Sousa sustentou que a COP26 “deveria corresponder ao culminar de um debate alargado e ao encontrar de caminhos para os muitos problemas” que o mundo tem pela frente.