Centenas deram as mãos em frente à embaixada de França pela paz na Ucrânia
04-03-2022 - 20:48
 • Lusa

Embaixadora recebeu uma carta entregue pela ex-eurodeputada socialista Ana Gomes e dois cidadãos ucranianos e, para a troca, entregou uma em que manifestava a solidariedade de França.

Veja também:


Centenas de pessoas deram hoje as mãos em frente à embaixada de França em Lisboa para apelar à paz na Ucrânia e pedir aos líderes europeus uma ação mais firme para pôr fim à invasão russa.

Recebidos por uma embaixada iluminada por luzes azuis e brancas, centenas de pessoas juntaram-se em frente à embaixada de França em Lisboa para pedir uma ação mais firme contra a agressão à Ucrânia.

À entrada, a embaixadora, Florence Mangin, recebeu uma carta entregue pela ex-eurodeputada socialista Ana Gomes e dois cidadãos ucranianos e, para a troca, entregou uma em que manifestava a solidariedade de França.

"Todos os dias estamos a ver os atos da extraordinária bravura e patriotismo do povo ucraniano. Este é um combate por todos nós contra um tirano que também oprime o povo russo e que está a ameaçar-nos a todos", sublinhou Ana Gomes em declarações à Lusa.

A carta que ali deixaram, e que foi também entregue nas outras embaixadas, à exceção da embaixada da China, que recusou recebê-la, exorta os governos a serem firmes contra a agressão à Ucrânia e os cidadãos de todo o mundo a manterem a pressão e a solidariedade para com o povo ucraniano.

Comovida com o apoio que tem visto da parte de Portugal, Natalia Barchuk agradeceu, mas sublinhou que o seu país precisa de mais do que apoio humanitário e solidariedade e pediu uma coisa em concreto: o encerramento do espaço aéreo na Ucrânia.

"As nossas tropas conseguem combater no terreno, mas contra um espaço aéreo aberto, contra misseis que estão a lançar sobre a Ucrânia, nós não conseguimos. Precisamos desta ajuda com urgência", explicou.

Ao lado, Mykola Shymonyak reforçou o apelo e apontou que os alvos dos ataques aéreos por parte da Rússia já não são apenas estruturas militares.

"Neste momento, os aviões bombardeiam tudo, tudo, tudo. Existem sítios onde as pessoas não têm hipótese", disse, defendendo que a Ucrânia "está a mostrar ao mundo inteiro que merece ser ajudada".

À sua esquerda e à sua direita, os dois cidadãos ucranianos tinham centenas de pessoas. O objetivo era formar um cordão que percorresse quilómetros pelas ruas da capital, ligando as embaixadas da China, Estados Unidos, França, Reino Unido e também a Alemanha (membro não permanente do Conselho de Segurança), o que não aconteceu.

Contudo, os cerca de 200 metros da rua foram preenchidos por mais de 300 pessoas, que entoavam gritos de apoio à Ucrânia, como "Aqui, agora, a Ucrânia somos nós".

A mensagem era repetida por centenas de vozes em uníssono e, ao microfone da agência Lusa, foi replicada por Ana Gomes: "O bravíssimo povo ucraniano merece que façamos tudo e que não estejamos de braços cruzados, porque aquele combate é o nosso combate".

Dirigindo-se à União Europeia, a ex-eurodeputada defendeu ainda que o momento atual é decisivo e deve constituir um momento de viragem.

"É altura de parar e os europeus têm que se inspirar na extraordinária coragem do povo ucraniano e dizer que isto não vai mais passar, (Vladimir) Putin não passará", afirmou, apontando também a necessidade de "ajudar a própria Rússia a desputinizar-se".

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.