A HKmap.live, uma 'app' que permite aos habitantes de Hong Kong localizar todos os focos de ação policial ou manifestações na cidade em tempo real, através do telemóvel e com base em dados fornecidos pelos utilizadores, foi removida da App Store chinesa.
A ação da gigante tecnológica acontece depois do Governo chinês a acusar de estar a ser permissiva para com as manifestações que ocorrem desde março no território, por alojar a aplicação na loja oficial. Neste momento os utilizadores ainda podem aceder a esta ferramenta na sua versão web.
A aplicação mostra a localização em tempo real das várias unidades e veículos da polícia de Hong Kong e os locais onde foi utilizado gás lacrimogéneo. Para além disso, indica para onde os manifestantes de devem deslocar. A HKmap.live esteve disponível menos de uma semana, após ter sido disponibilizada na App Store no sábado, de acordo com o “South China Morning Post”, citado pelo “The Guardian”.
As razões da Apple
A aplicação foi declarada como estando a violar leis locais e orientações gerais da empresa. “Verificámos com o Gabinete de cibersegurança e crime tecnológico de Hong Kong que a aplicação tem sido usada para atingir e provocar emboscadas à polícia, ameaçar a segurança pública e criminosos usaram-na para atingir habitantes de zonas onde sabem que a polícia não está presente”, explicou a empresa sediada nos Estados Unidos.
No Twitter, os responsáveis pela HKmap.Live argumentam que não promovem qualquer atividade criminosa e que os moderadores censuram atividade que parece procurar esse fim. Consideram por isso que a decisão da Apple’s é “claramente política” e tem como resultado a “supressão das liberdades e dos direitos humanos em Hong Kong”.
“A HKmap é utilizada por transeuntes, manifestantes, jornalistas, turistas e até apoiantes da posição do Governo. Pode ser difícil para quem está longe imaginar gás lacrimogéneo no seu bairro, estação de comboios ou centro comercial, mas isso já aconteceu mais 5.000 vezes desde junho”, declaram.
A decisão da Apple é tomada depois de ter sido publicado um editorial sobre o assunto, esta quarta-feira, no jornal “China’s People’s Daily”, um órgão oficial do Comité Central do Partido Comunista chinês. O texto acusava a Apple de “proteger os manifestantes” com uma “app tóxica”.