A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) defende que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) deve considerar sanções ao Irão por proibir a entrada de mulheres nos estádios.
"As autoridades iranianas têm demonstrado repetidamente que estão dispostas a fazer grandes esforços para impor a proibição discriminatória e cruel de as mulheres frequentarem os estádios de futebol", disse uma das responsáveis da ONG no Irão, Tara Sepehri Far, citada num comunicado.
"Dadas as violações de longa data das autoridades iranianas, a FIFA deveria seguir as suas próprias diretrizes globais em matéria de não discriminação e deveria considerar sanções pelo não cumprimento por parte do Irão", acrescentou.
A Federação Iraniana de Futebol reconheceu na quarta-feira a sua responsabilidade e pediu desculpa depois de ter sido negada entrada às mulheres no jogo Irão-Líbano, de terça-feira.
A HRW recordou que, nos últimos 40 anos, as autoridades iranianas proibiram as mulheres de assistir a jogos de futebol e outros eventos desportivos nos estádios, embora esta interdição não seja legal. A proibição levou a detenções, espancamentos e abusos de mulheres.
Em setembro de 2019, uma fã de futebol feminino, Sahar Khodayari, conhecida como a "Rapariga Azul", foi alegadamente condenada à prisão após tentar entrar num estádio. Acabou por morrer depois de se imolar pelo fogo, provocando indignação nacional e internacional.
Em outubro de 2019, após um prazo estabelecido pela FIFA para as autoridades iranianas aceitarem que "as mulheres têm de entrar nos estádios de futebol", o Governo permitiu que um número limitado de mulheres assistisse no Estádio Azadi a um jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo.
De acordo com os estatutos da FIFA, a discriminação com base no género - que abrange excluir ou interferir com o acesso de mulheres aos estádios - é "estritamente proibida e punível com suspensão ou expulsão".
"O presidente da FIFA, Gianni Infantino, prometeu pessoalmente que as mulheres iranianas poderiam ir aos estádios", lembrou Tara Sepehri Far.
A responsável frisou que "há muito que a FIFA deveria demonstrar que está seriamente empenhada em implementar medidas transparentes de responsabilização para assegurar que as mulheres no Irão possam assistir a jogos como as suas companheiras em todo o mundo".