António Guterres apela a um cessar-fogo humanitário na Ucrânia. O secretário-geral das Nações Unidas diz que, além de permitir o apoio às populações, as tréguas facilitariam as conversações para o fim do conflito.
“A solução para esta tragédia humanitária não é apenas humanitária, é essencialmente política, pelo que apelo a um real progresso nas negociações políticas. O objetivo terá de ser chegar a um acordo de paz com base nos princípios da Carta das Nações Unidas”, afirmou nesta segunda-feira numa conferência de imprensa sem direito a perguntas.
O secretário-geral da ONU revelou ainda ter mandatado um representante da organização para mediar um possível cessar-fogo humanitário entre o Governo russo e o Governo ucraniano.
A Rússia vetou, nesta segunda-feira, uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que condenava a sua ofensiva militar em território da Ucrânia. Moscovo ficou isolado numa votação que alcançou 11 votos a favor e três abstenções (China, Índia e Emirados Árabes Unidos).
Após a reunião, António Guterres apelou ao regresso "dos soldados aos seus quartéis" e a que seja dada "nova chance à paz".
"Nós nunca desistiremos" de alcançar a paz, afirmou numa breve declaração à imprensa.
Sendo um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (P5), a Rússia tem poder de veto nas votações.
Após meses de tensões, o Kremlin lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.