A maioria dos fogos em Portugal deve-se a comportamento negligente, conclui um estudo da organização ambiental World Wildlife Fund (WWF).
O documento aponta a falta de formação e educação das populações na prevenção e autodefesa em caso de incêndio.
Alerta para a “ausência de uma estrutura profissional e especializada que se dedique à prevenção e combate” aos fogos em Portugal.
O sobreinvestimento no combate aos incêndios, em detrimento da prevenção, é outro dos problemas apontados
Despovoamento e falta de gestão da floresta
Os incêndios em Portugal, segundo a WWF, devem-se também ao despovoamento e abandono rural, e consequente ausência de gestão das florestas - que leva à acumulação de biomassa combustível -, com a ajuda das alterações climáticas que se têm feito sentir e que resultam em verões mais longos, quentes e secos.
De acordo com a organização ambiental, a solução do problema passa pelo desenvolvimento de “politicas efectivas de desenvolvimento rural que tornem a paisagem menos combustível, que atraiam pessoas para o interior e incentivem a utilização sustentável do território, bem como medidas de educação e formação que mitiguem o impacto dos incêndios”.
Incentivar a gestão florestal e a certificação florestal, promover o associativismo florestal e a adopção de planos de gestão de florestal comum, envolver os agentes locais nos processos de decisão e apoio à gestão florestal, são mais algumas das alternativas mais que a organização ambiental também apresenta.
Eucalipto representa 11,4% da área ardida
O estudo revela, também, que 50,2% da área ardida em território nacional são “mato e pastagens”, correspondendo o coberto florestal a menos de metade dos incêndios ocorridos, com particular incidência no pinheiro-bravo e no eucalipto, a representar 15,4% e 11,4% da área ardida, respectivamente.
Segundo o relatório, as actividades ligadas à floresta representam aproximadamente 10% das exportações nacionais e gera mais de 110 mil postos de emprego directo.
Além das mais de 100 vítimas mortais, estima-se que, só no último ano, os incêndios tenham originado um prejuízo superior a 200 milhões de euros, entre as perdas causadas pela queima de madeira de valor industrial, a destruição de empresas e outros meios de subsistência, assim como dezenas de habitações e veículos.
Em entrevista à Renascença, Ângela Morgado, da WWF Mediterrâneo, diz que a floresta portuguesa tem um problema estrutural e de gestão, questões agravadas pelas alterações climáticas.