As autoridades russas afirmaram esta quarta-feira que nenhum cidadão russo está sujeito a extradição, descartando que o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, seja enviado para os Estados Unidos para ser responsabilizado pelos crimes de que é acusado.
"Qualquer cidadão russo tem o direito de contar com a ajuda da Rússia para protegê-lo em tentativas ilegais de levá-lo a responsabilidades criminais no exterior", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moscovo, Maria Zakharova, quando questionada sobre a possibilidade de Prigozhin ser extraditado para os Estados Unidos.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, reconheceu na terça-feira que Washington gostaria de ver o líder do Grupo Wagner perante os tribunais norte-americanos a enfrentar os "crimes de que é acusado" tanto na Ucrânia como em África.
O Grupo Wagner, liderado por Prigozhin, iniciou uma rebelião na noite de sexta-feira com a captura sem resistência da cidade russa de Rostov, sede do comando sul do Exército, com a intenção de se dirigir a Moscovo para afastar as lideranças militares em resposta a um alegado bombardeamento contra os soldados mercenários na Ucrânia.
Em pleno conflito com o Kremlin e a 200 quilómetros da província de Moscovo, uma coluna militar do Grupo Wagner deu meia-volta na tarde de sábado, graças à mediação do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, num acordo para travar a revolta, amnistiar os mercenários e enviar Prigozhin e alguns dos seus homens para o exílio na Bielorrússia e oferecendo a outros a possibilidade de integrar as forças regulares da Rússia.
Maria Zakharova destacou que a Rússia resolverá a situação com Prigozhin e os seus mercenários sem interferências externas.
"Quem quis manifestar o seu apoio, manifestou-se, quem quis ajudar, ajudou. Vamos recordar tudo isto, tomamos nota e não o vamos esquecer", afirmou.
Nas suas mensagens nos últimos dias, Prigozhin disse publicamente que a rebelião não procurava derrubar o governo do Presidente russo, Vladimir Putin, mas destituir o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov, a quem acusou reiteradamente de incompetência na liderança da invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, e até de alta traição.
O grupo Wagner esteve na linha da frente desde o início da invasão, tendo assumido protagonismo na conquista de Bakhmut, na província de Donetsk (leste), na mais longa e sangrenta batalha da guerra da Ucrânia, à custa de elevadas baixas, entre acusações abertas de Prigozhin de falta de apoio militar por parte de Moscovo.