O CDS garante que é “a única direita democrática” e que quer continuar a um “muro” contra todos os extremismos. Foi assim que a secretaria-geral do CDS reagiu à desvinculação de Pedro Borges de Lemos, o militante do CDS que participou na última manifestação organizada pelo partido Chega, e que anunciou esta sexta-feira que se desfiliou do partido e está disponível para aderir ao partido liderado por André Ventura.
"Em virtude das declarações dadas pelo presidente do CDS-PP à Visão em que afirmou que a minha presença na manifestação 'Portugal não é racista' , 'constituía uma infração passível de ser apreciada pelos órgãos de jurisdição do partido', sou a declarar que lhe enviei hoje a minha desfiliação do CDS-PP, onde era militante desde 2013", revelou Borges de Lemos, em comunicado enviado à agência Lusa.
Pedro Borges de Lemos, advogado, era militante de base do CDS-PP desde 2013, não integrando qualquer órgão dirigente, mas liderava desde 2017 uma corrente interna designada CDSXXI, que defendia um "partido conservador e assumidamente de direita".
Crítico do que classificou como "deriva liberal" das anteriores direções de Paulo Portas e Assunção Cristas, Borges de Lemos apoiou Francisco Rodrigues dos Santos no congresso de janeiro para a liderança do CDS-PP, no qual apresentou uma moção.,
Entretanto, também já se desiludiu com a liderança de Rodrigues dos Santos que, diz, “tem feito o percurso de alguém a quem falta a força, a coragem e a personalidade de um líder, com um discurso imberbe e refém de uma máquina partidária inane de ideias e de ações”.
O agora ex-militante do CDS considera que o partido de André Ventura é “a única força política de direita que tem demonstrado a coragem de combater o sistema em todas as suas fraquezas”.
Em comunicado enviado às redações, a secretaria-geral do CDS “esclarece que o CDS XXI, do qual o sr. Lemos se dizia líder e do qual era o único membro que se conhecia, não está estatutariamente constituído como corrente de opinião, nem tão pouco como tendência interna do CDS-PP”. Continuando a tratar o militante por “sr. Lemos”, a nota acentua que Pedro Borges de Lemos “não representava nada nem ninguém no CDS-PP, para além da sua isolada militância”.
Na mesma nota, o CDS dá conta que, desde o início de funções de atual direção, em janeiro, o partido teve um aumento de mais de mil militantes, “o que comprova o seu crescimento e um aumento significativo da sua capacidade mobilizadora da sociedade portuguesa”.
“O CDS-PP é um espaço de liberdade na afirmação de um novo partido popular, que representa a única direita democrática fundada nos valores da democracia-cristã europeia. O CDS-PP está aberto a continuar a receber quem entende perfilhar estes valores, que o distinguem de ideologias extremistas relativamente às quais sempre erguemos um muro”, conclui o comunicado da secretaria-geral do CDS, órgão dirigido por Francisco Tavares.