O PCP inicia esta sexta-feira, em Loures, o seu XXI congresso com metade dos delegados habituais e que antes mesmo de começar já lançou a polémica por se realizar em plena epidemia de Covid-19.
No total, serão cerca de 600 os delegados - contra os 1.200 de 2016 - num congresso que deverá confirmar a continuação de Jerónimo de Sousa, secretário-geral desde 2004, há 16 anos, sucedendo a Carlos Carvalhas, e que fará o discurso de abertura.
Os militantes comunistas reúnem-se num concelho governado pelo comunista Bernardino Soares e no mesmo pavilhão, Paz e Amizade, de Loures, onde o XIII congresso, em 1990, elegeu para "número dois" do partido, então liderado por Álvaro Cunhal, o economista Carlos Carvalhas, que agora abandona o comité central.
Este será o primeiro congresso pós-geringonça e em que serão tiradas as "lições" desse período de entendimento parlamentar entre a esquerda, incluindo o PCP, e o PS e a que os comunistas chamam "nova fase da vida política portuguesa".
Nas teses, ou proposta de resolução política, o partido faz um balanço positivo embora "limitado" dos anos da "geringonça", um período que, embora complexo e "com contradições", não pode ser usado para "branquear a política e ação do PS".
E em entrevistas recentes, Jerónimo de Sousa colocou dificuldades a uma eventual reedição de um entendimento idêntico, admitindo, por outro lado, que a crise pandémica, desde março, abriu mais divergências com os socialistas.
Hoje, primeiro dia do congresso, os trabalhos começam pelas 10h30 e a primeira parte será dedicada ao discurso, que se prevê longo, de Jerónimo de Sousa sobre os quatro últimos anos, desde o congresso de 2016.
Para sábado, está prevista a eleição do novo comité central.
Por causa da epidemia, os delegados terão apenas cadeiras para se sentar, sem mesas, de forma a manter a distância de segurança entre si, e que vão também espalhar-se pelas bancadas. E não haverá delegações estrangeiras convidadas.
Apesar de ser organizado segundo regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), o congresso está a ser polémica e criticado por dirigentes partidários, especialmente do PSD e do CDS.