“A situação na Venezuela é de profunda degradação humana e de sofrimento infinito”, diz o padre Pablo Lima.
O pároco de Vila de Punhe, em Viana do Castelo, nasceu e viveu na Venezuela até aos 18 anos e mantem um contacto diário com o país, dadas as relações familiares e de amizade.
À margem da Semana Bíblica de Fafe, o sacerdote luso-venezuelano, diz não ver nada de bom para aquele país nos próximos tempos, não podendo os venezuelanos valerem-se a si mesmos. “A situação é de profunda degradação humana, de falta de condições mínimas de alimentação e de saúde, de um sofrimento infinito e imparável do povo venezuelano e ao qual não se vê uma perspetiva de termo a curto prazo.”
“A situação é muito complicada”, insiste, “além da oração seria necessário que as instituições internacionais levem a situação um pouco mais a sério, porque o povo da Venezuela, nesta altura, não se pode valer a si mesmo.”
A opressão política e a perseguição ao povo, não vão parar, enquanto não houver uma tomada de posição por parte das instancias internacionais. “A opressão política e a perseguição não vão parar enquanto não houver uma tomada de posição muito clara por parte das instituições. De tal forma que o poder opressor perceba que já basta de fazer sofrer os venezuelanos.”
Dado o contacto diário que mantem, via redes socais, com muitos amigos, o Padre Pablo Lima refere que a situação é dramática e chocante. “São situações de muito sofrimento, de muita precaridade, em primeiro lugar material, mas também, neste momento, um enorme sofrimento psicológico, de famílias que não têm comida para dar aos seus filhos, pessoas a ficar doentes física ou psiquicamente porque não conseguem superar ou enfrentar a posição em que se encontram.”
“Portanto a situação é verdadeiramente dramática. Desnutrição infantil, ausência de cuidados mínimos de saúde para a população. É absolutamente chocante.”
Para este sacerdote luso-venezuelano, Portugal pode e deve acolher todos aqueles que querem regressar, e ao mesmo tempo, ter um papel pró-ativo por parte da representação diplomática na Venezuela. “Em primeiro lugar pode ou deve acolher todos os luso-descendentes que estão a regressar e que são muitos. Essa é a primeira tarefa a desenvolver. E a segunda é prestar todo o apoio logístico possível àqueles que se encontram ainda no país.”
“O Estado pode ter aqui um papel importantíssimo, não só com a sua posição muito clara em termos públicos. mas com uma atitude proactiva da nossa representação diplomática na Venezuela e no acompanhamento da população local. Tenho por experiência, porque nasci, cresci na Venezuela e vim para Portugal já como jovem adulto, que os portugueses são muito estimados na Venezuela, mas em tempos de dificuldade e de violência crescente, não há ninguém que esteja imune a ser vítima deste drama social”, conclui.