Myanmar. Junta militar vai libertar mais de 2.000 detidos, incluindo presos políticos
30-06-2021 - 08:26
 • Lusa

Também foram retiradas acusações contra 24 celebridades e atletas que tinham rejeitado a junta militar no poder. Desde o golpe de 1 de fevereiro, pelo menos 883 pessoas morreram.

Mais de 700 detidos em Myanmar (antiga Birmânia) vão ser libertados esta quarta-feira, incluindo vários presos políticos, disse um dos responsáveis da prisão Insein em Rangum, citado pela BBC.

De acordo com a página na rede social Facebook da representação local da cadeia de televisão britânica BBC, alguns dos detidos tinham sido acusados de "incitar à desordem pública".

O portal Myanmar Now indica que pelo menos 700 reclusos do total anunciado deixarão Insein, a prisão onde estão milhares de detidos durante a sucessão de regimes militares que governaram o país entre 1962 e 2011.

Centenas de pessoas estão aglomeradas desde o início da manhã junto à prisão da antiga capital à espera da libertação, segundo o canal Channel News Asia.

A oeste do estado de Chin, onde a junta militar enfrentou forte oposição, pelo menos 41 prisioneiros políticos (33 homens e oito mulheres) serão libertados, relata o portal Chin World Media, citando familiares de alguns presos.

O canal de televisão, Myawaddy - detido pelo exército - noticiou que as autoridades também retiraram na terça-feira as acusações contra 24 celebridades e atletas que tinham rejeitado a junta militar no poder, desde o golpe de 1 de fevereiro.

Dados da Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP) indicaram que, desde o golpe de fevereiro, as forças de segurança colocaram sob custódia 6.421 pessoas, das quais 5.554 ainda estão detidas, e emitiram mandados de captura para 1.988.

Pelo menos 883 pessoas morreram na repressão do movimento de oposição pelas forças de segurança birmanesas, indicou a AAPP.

Cinco meses depois de o golpe militar que pôs fim à jovem democracia em Myanmar, o exército ainda não controla totalmente o país, com protestos em várias regiões.

Alguns dos manifestantes, cansados dos poucos avanços obtidos com protestos pacíficos, pegaram em armas contra os militares, ao mesmo tempo que confrontos entre as Forças Armadas e os grupos rebeldes eclodiram ou intensificaram-se em todo o país.

O exército birmanês justificou o golpe com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, em que o partido liderado pela Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi obteve uma vitória esmagadora, tal como em 2015, e que foram consideradas legítimas pelos observadores internacionais.

Suu Kyi e outros líderes do Governo deposto continuam detidos e acusados de vários crimes.

[Notícia atualizada às 09h15]