Saiba mais:
- O culpado do apagão global. O que é o Crowdstrike Falcon?
- Apagão afeta Portugal. ANA admite constrangimentos nos aeroportos nacionais
- Crowdstrike confirma que apagão global deve-se a defeito de atualização
- Apagão do Windows 10. “O que surpreende é que não aconteça mais vezes”
Milhões de computadores com o sistema operativo Windows 10 instalado deixaram de funcionar um pouco por todo o planeta, esta sexta-feira.
Em causa parece estar uma atualização automática num sistema de segurança da empresa norte-americana Crowdstrike, que oferece soluções antivirus para várias empresas e organizações a nível global.
A empresa de cibersegurança atualizou o seu antivírus "Falcon", o que terá levado a que o sistema operativo da Microsoft presente em muitos computadores tenha ido abaixo e levado os utilizadores ao famoso "Ecrã Azul da Morte", que indica que algum erro terá ocorrido e impede a utilização do aparelho.
O problema tem sido registado, sobretudo, em dispositivos norte-americanos e australianos mas estima-se que esteja a afetar todos os aparelhos onde o software da empresa esteja presente.
Vários órgãos de comunicação social - como a Sky News australiana - e companhias aéreas estão inoperacionais por causa deste erro. Ao todo, quase 1.400 voos cancelados no mundo inteiro.
Também os serviços médicos britânicos estão a ser afetados. No entanto, os serviços de emergência estão a operar normalmente, assegura fonte oficial citada pela agência Reuters.
A Microsoft refere que a causa do erro foi corrigida, mas ainda haverá "um impacto residual" no funcionamento de todos os serviços.
Aeroportos europeus interrompem voos
Os aeroportos de Espanha e Alemanha estão a interromper todos os voos devido à falha. A Delta Airlines, uma das maiores companhias aéreas norte-americanas, ordenou esta manhã que todos os seus aviões de mantenham no solo, até nova indicação. O aeroporto de Berlim está mesmo fechado ao tráfego aéreo. Os comboios no Reino Unido também foram afetados.
Também um porta-voz do aeroporto de Sydney, na Austrália, deu conta de uma paragem técnica global. Por todo lado começam a surgir indicações de universidades, supermercados e outros negócios afetados por este "apagão".
Em Espanha, há alterações nos sistemas da Aena e nos aeroportos da rede que poderão causar atrasos. Há aeroportos e voos afetados em locais como a Irlanda, Singapura, Hong Kong, Suíça ou Países Baixos.
No aeroporto de Edimburgo, na Escócia, o sistema automático de verificação de cartões de embarque está em baixo, estando o processo a ser feito manualmente.
E em Shippol, principal aeroporto da Holanda, está-se a pedir aos passageiros que contactem as companhias aéreas.
Ryanair sem "check-in online"
Também a companhia de voos low-cost Ryanair está a ser afetada pelo "apagão". No site da empresa irlandesa, é possível ver um aviso de que poderá haver "disrupções" na verificação de cartões de embarque por causa de um "apagão de um sistema de uma empresa externa".
"Neste momento, estamos a enfrentar interrupções na rede devido a uma interrupção global de TI de terceiros, que está totalmente fora do nosso controlo. A reserva e o check-in não estão disponíveis de momento. Se planeia viajar hoje (19 de julho) e ainda não fez o check-in do seu voo, poderá fazê-lo no aeroporto", é dito.
Constrangimentos nos aeroportos nacionais
A Renascença contactou a Comboios de Portugal e a ANA - Aeroportos, que garantiam, no início da manhã desta sexta-feira, não registarem nenhum problema. No entanto, fonte da Ana - Aeroportos admitia, na altura, que tudo dependerá do sistema operativo utilizado pelas diferentes companhias aéreas, facto que acabou por suceder: os atrasos foram, no entretanto, acumulando.
Por volta das 09h30 - e numa nova atualização - a ANA admitiu que são esperados constrangimentos nos aeroportos nacionais já que há companhias aéreas e empresas de "handling" afetadas pela falha global no sistema da Microsoft, pedindo aos passageiros que se informem sobre o estado dos seus voos.
Em resposta à Lusa, a ANA - Aeroportos Nacionais explica que algumas companhias aéreas e empresas de assistência em terra ("handling") estão a ser afetadas devido a uma falha informática o que está a causar constrangimentos, nomeadamente no "check-in" e no embarque de alguns voos.
A gestora aeroportuária adiantou que "o sistema informático dos aeroportos portugueses não foi afetado diretamente".
Neste momento, refere fonte oficial da empresa, "está a ser avaliado o impacto desta situação sendo esperados constrangimentos na operação aeroportuária que afetam companhias aéreas e outros aeroportos".
Assim, solicita aos passageiros que se informem sobre o estado do seu voo antes de se dirigirem para o aeroporto.
Amadora-Sintra não foi afetado, sistema multibanco também não
De acordo com o Downdetector, a Vodafone, a Nos e a Meo estão a registar falhas esta sexta-feira de manhã. Também o banco Santanter está a ser afetado, com utilizadores a relatar problemas no login web Empresarial.
A Renascença contactou também a Caixa Geral de Depósitos, que garante que tudo está bem no maior banco nacional.
O Amadora- Sintra desmente que os problemas informáticos de que foi alvo esta manhã nada tiveram que ver com o apagão generalizado provocado pelo sistema de segurança da Microsoft.
Contactado pela Renascença, o gabinete de comunicação desta unidade de saúde fala numa falha informática interna de duração rápida, prontamente resolvida e que não provocou qualquer problema.
Em Vila Nova de Gaia, um hospital veterinário diz que está sem sistema desde as 09h00, segundo conta uma funcionária, à Renascença. Não há previsão de quando o problema estará resolvido.
Também a SIBS, responsável pela rede de Multibanco em Portugal, confirmou à Renascença que "não verificou nos seus sistemas qualquer impacto causado pela falha informática que estará a afetar sistemas tecnológicos em vários países". Sendo assim, os serviços estão "a funcionar dentro da normalidade".
O diretor regional da Microsoft na Australia foi um dos primeiros a detetar o problema e comparou-o ao "bug do milénio", se tivesse efetivamente acontecido.
Número de emergência norte-americano em baixo
Também o "911", o número de emergência utilizados nos EUA está em baixo em alguns estados. Algumas emissoras de rádio estão em silêncio e a Sky News também confirmou no ar que não tem acesso ao seu sistema habitual de transmissão.
O Parlamento da Nova Zelândia está, igualmente, sem computadores.
Clientes no maior banco da Austrália, Commonwealth Bank CBA.AX, relatam problemas a levantar e transferir dinheiro, adianta a agência Reuters. O governo australiano já marcou uma reunião de emergência, depois do gabinete nacional de cibersegurança ter confirmado que a interrupção no país é em grande escala e afeta várias empresas e organizações.
No entanto, a coordenadora do gabinete de cibersegurança australiano, via Twitter, assegura que o problema é "técnico" e não causado por algum eventual ataque cibernético.
O site "DownDetector", que monitoriza interrupções informáticas um pouco por todo o mundo, já regista picos de incidentes desde a noite passada.
A empresa já admite problemas. Numa mensagem gravada deixada a quem contacta a linha de apoio técnico, a empresa admite problemas relacionados com o "Falcon".
Também a Microsoft Azure, plataforma que gere as aplicações e serviços da companhia americana, confirmou estar a investigar o sucedido e a trabalhar numa solução.
Sistemas começam a recuperar
Já há alguns sistemas a recuperar e a permitir o regresso à operacionalidade de serviços.
A CBBC, Sky News e ABC News Australia retomaram as suas emissões.
A American Airlines "retomou com segurança" o funcionamento. O mesmo regista-se com o serviço metropolitano em Washington DC
Impacto de 16 mil milhões de dólares
O editor de economia da BBC, Faisal Islam, escreve ainda que os especialistas do setor dizem que "o problema está centrado no facto de as empresas de segurança na cloud terem privilégios de alto nível para atualizar os sistemas principais dos seus clientes".
"Quando isto funciona, ajuda a proteger os seus sistemas. Quando uma tentativa de atualização falha, desliga os sistemas que deveriam proteger, todos de uma vez", acrescenta.
O mesmo especialista da estação britânica sublinha ainda que embora a solução seja, em teoria, simples – atualizar fisicamente os sistemas a partir de discos de cópia de segurança – na prática, "isto é agora mais difícil no mundo da computação em nuvem".
"Faz sentido permitir uma concentração significativa numa empresa ou produto?", questiona Faisal Islam.
[Notícia atualizada às 12h50 de 19 de julho de 2024]