Morreu Jorge Salavisa, pioneiro virtuoso da dança em Portugal
28-09-2020 - 13:01
 • Renascença com Lusa

O ex-diretor da Companhia Nacional de Bailado, bailarino e coreógrafo tinha 81 anos.

Morreu o bailarino e coreógrafo Jorge Salavisa, avança o jornal "Público". O ex-diretor da Companhia Nacional de Bailado tinha 81 anos.

Jorge Salavisa estava doente e faleceu esta segunda-feira na sua casa, em Lisboa.

Nascido em Lisboa, em 1939, iniciou a sua formação com a professora Anna Mascolo, responsável pelo Grupo Experimental de Ballet que mais tarde deu lugar ao Ballet Gulbenkian.

Foi para Paris na década de 60 e ingressou no Grand Ballet du Marquis de Cuevas, transferindo-se para o London Festival Ballet, em 1963.

Depois de um percurso sobretudo internacional, Jorge Salavisa abandonou a carreira de bailarino em 1975 e regressou a Portugal dois anos depois, para dirigir o Ballet Gulbenkian.

O bailarino e coreógrafo deixou a Gulbenkian em 1996, ano em que foi agraciado feito grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique, e assumiu o cargo de diretor da Companhia Nacional de Bailado, em 1998.

Jorge Salavisa também presidiu ao Organismo de Produção Artística, entidade gestora do Teatro Nacional de São Carlos e da CNB, entre maio de 2010 e janeiro de 2011.

Entre 2002 e 2010, foi diretor artístico do Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Ao longo da carreira, Jorge Salavisa trabalhou com bailarinos e coreógrafos de renome como Bronislava Nijinska, Robert Helpmann, Daniel Seillier, Nicholas Beriosoff, Maria Fay, Roland Petit, Mary Skeaping, John Taras, entre outros.

Jorge Salavisa "ajudou a definir a cultura em Portugal”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enaltece a memória do bailarino e coreógrafo Jorge Salavisa, recordando-o como um “professor tão exigente quanto generoso” cuja missão de formação nunca seria terminada.

“Despedimo-nos hoje, já com saudade, de um homem invulgar, um bailarino virtuoso, um professor tão exigente quanto generoso, que ajudou a formar e deu palco aos mais talentosos bailarinos portugueses. Elevar o ballet nacional a um nível superior, aberto, tangível, ao alcance de todos: foi este o seu maior propósito – ‘um sonho’, assim definia Jorge Salavisa a sua missão, nunca impossível, nunca terminada”, pode ler-se na mensagem publicada na página da Presidência da República.

O chefe de Estado salienta que recebeu a notícia da morte de Salavisa com “profunda tristeza” e envia condolências a família e amigos.


O primeiro-ministro, António Costa, destacou que o bailarino e coreógrafo Jorge Salavisa, “figura de referência da dança em Portugal”, teve “um papel renovador no Ballet Gulbenkian, abrindo caminho a muitos talentos”.

Numa mensagem publicada hoje no Twitter, António Costa fala numa “figura de referência da dança em Portugal. Bailarino”, que “teve um papel renovador no Ballet Gulbenkian, abrindo caminho a muitos talentos”.

“A nossa gratidão por uma vida inteira dedicada à cultura”, lê-se na mensagem.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, também lamenta a morte do bailarino e coreógrafo Jorge Salavisa, que classificou como um homem “que ajudou a definir a cultura em Portugal”.

“A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta a morte do bailarino, professor e diretor artístico Jorge Salavisa, nome maior da dança contemporânea, tanto nacional como internacionalmente, e um homem que ajudou a definir a cultura em Portugal”, pode ler-se numa mensagem publicada na rede social Twitter pelo Ministério da Cultura.

Numa nota de pesar posterior, o Governo salienta que "ao longo das décadas, Jorge Salavisa ajudou a escrever a história da dança em Portugal, seja como bailarino, seja como professor de gerações de bailarinos ou diretor artístico".

"O que a dança contemporânea é, hoje, em Portugal, tem o cunho muito particular deste artista e pedagogo exemplar. O seu papel à frente do Ballet Gulbenkian e da Companhia Nacional de Bailado fizeram de Portugal um país pioneiro na relação entre coreógrafos, bailarinos e público", acrescentou o Ministério da Cultura.

Para Graça Fonseca, deve-se a Jorge Salavisa "uma história muito completa da diversidade e, a partir daí, a atividade dos artistas portugueses que, pela sua mão, encontraram sempre as condições para se poderem afirmar".

[notícia atualizada às 16h55]