Vitor Constâncio, antigo governador do Banco de Portugal, acusa os administradores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) de serem responsáveis pelo banco público não ter conseguido recuperar os 350 milhões emprestados a Joe Berardo.
Em entrevista à RTP3, o ex-governador do Banco de Portugal disse esta sexta-feira que a Caixa podia ter atuado para reaver o dinheiro.
O contrato, que Vítor Constâncio levou para a entrevista, tinha salvaguardas suficientes, garante o antigo vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE).
“As garantias do contrato permitiam à Caixa intervir, não só todos os dias como ao fim de cada três meses, e verificar se realmente havia a cobertura dos 105% do dinheiro em dívida e, se não houvesse, ou era reposto com outras ações, ou havia um pagamento ou a Caixa podia executar o contrato”, afirma Vítor Constâncio.
O antigo governador não tem dúvidas de que a responsabilidade foi da administração da Caixa, por “não ter executado o contrato em certo momento desse processo”.
Vítor Constâncio reafirmou que o Banco de Portugal nada podia fazer.
“Essas decisões, tal como as decisões de crédito, são da exclusiva responsabilidade a gestão dos bancos públicos ou privados. O Banco de Portugal não tem poderes para alterar essas decisões tomadas pela gestão”, sustenta.
Na próxima terça-feira, o ex-governador do Banco de Portugal regressa ao Parlamento para uma nova audição no âmbito da comissão parlamentar de inquérito à CGD.