A Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) iniciou esta segunda-feira os trabalhos com um renovando pedido de perdão às vítimas de abuso, mas para já sem mais novidades em relação ao Grupo de Acompanhamento que vai trabalhar em articulação com as comissões diocesanas e a Comissão Nacional que as coordena.
A composição do Grupo será votada no encontro que hoje tem início, e deverá estar a funcionar “nas próximas semanas”, anunciou o presidente da CEP e bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas.
Na última sexta-feira, a Conferência Episcopal tenha já anunciado, em comunicado, que este “grupo operativo” será liderado pela psicóloga Rute Agulhas, que já integrava a comissão diocesana de proteção de menores e adultos vulneráveis do Patriarcado de Lisboa, e que no novo cargo irá trabalhar “em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional” das comissões de cada diocese.
Na abertura dos trabalhos, hoje, em Fátima, o presidente da CEP reafirmou que a Igreja quer ser “parte ativa” na resolução do “drama” dos abusos, em colaboração com “as instituições civis”, e que as “medidas concretas de proteção e formação” que estão a ser “planeadas” irão passar pela formação de todos, clérigos e leigos, que acompanham menores ou pessoas fragilizadas. Também a formação nos seminários irá ser revista.
D. José Ornelas referiu-se também à eleição dos novos responsáveis da CEP, que vai decorrer nesta assembleia plenária, sublinhando que não existem “listas de candidatos, pois não é esse o espírito, nem a tradição”, que as eleições são “sempre livres” e que se espera que “os escolhidos aceitem os cargos para que forem eleitos”.
Na quinta-feira, último dia da assembleia plenária, vai realizar-se em Fátima a Jornada Nacional de Oração pelas Vítimas, que constitui um momento público de pedido de perdão às vítimas de abuso.
Crise social. Bispos pedem “ousadia, coragem e rasgo” nas medidas
Na conferência de imprensa de abertura, D. José Ornelas falou da guerra na Ucrânia como “uma das maiores preocupações do momento”, com consequências devastadoras ao nível das perdas humanas e da economia mundial, com claros reflexos em Portugal.
“Também no nosso país sentimos os efeitos desta crise que se adensa sobre a vida de uma grande parte de famílias e se reflete na dificuldade de acesso aos meios elementares de vida, como a alimentação, a habitação e a saúde, para além de aumentar a tensão social”, referiu o presidente da CEP, considerando que “são de louvar todos os esforços que vão ao encontro dos mais frágeis, tanto por parte do Governo, como de entidades públicas e privadas, entre os quais muitas paróquias e outras instituições da Igreja”.
Para o bispo de Leiria-Fátima, é importante que se ajude no imediato quem precisa, mas são precisas medidas mais estruturais. “A ajuda de emergência é fundamental e a Igreja sabe bem disso, mas é preciso ousadia, coragem e rasgo para equacionar soluções de médio e longo prazo, que mitiguem a vulnerabilidade e a exposição a fatores conjunturais que penalizam sempre os mais pobres”, afirmou ainda, sublinhando a disponibilidade da Igreja para ajudar.
Neste encontro, em Fátima, os bispos vão, ainda, analisar os preparativos da Jornada Mundial da Juventude, que “está na fase final e determinante de preparação e afirmação”, considerando que “ainda há muito trabalho a fazer e soluções a procurar e ajustar”, mas que “o surgir de polémicas e discrepâncias de pontos de vista deve conduzir à melhoria dos projetos em curso”.