O comentador das Três d’Manhã considera que o Orçamento do Estado, apresentado por Fernando Medina, “prevê, face ao de outubro, um aumento de receita, mas mantém a despesa e, portanto, a inflação é boa para as contas públicas”.
João Duque sinaliza que o Orçamento tem uma característica curiosa. Não mexe face àquilo que foi apresentado por António Costa, em outubro do ano passado, não mexe nas despesas, mas há uma ligeira alteração naquilo que são os apoios, as transferências, em relação aos apoios às famílias, um aumento com uma contrapartida ao nível do fornecimentos e serviços de terceiros.
De acordo com o comentador, “tem um benefício enorme e que vem do lado da receita e, portanto, vai ser um Orçamento que, comparado com o de outubro, tem uma curiosidade: a inflação é benéfica”, porque, como os preços dos bens aumentam, também o dinheiro arrecado com impostos será maior até porque não se prevê mexer em tabelas de IRS.
“Significa que há salários que por serem aumentados, por exemplo, de acordo com o nível de inflação, vão ser também ser mais tributados. Em suma, este orçamento prevê, face ao de outubro, um aumento de receita, mas mantém a despesa e, portanto, a inflação é boa para as contas públicas”, esclarece.
Na entrevista que deu à Renascença, Fernando Medina não colocou de lado as famigeradas cativações, afirmando mesmo que não abdicará de nenhum instrumento.
João Duque considera que Medina não poderia deixar de dizer o que disse, porque é um instrumento que se impõe, que qualquer ministro das Finanças faça.
No entanto, o economista e professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) considera que “as cativações têm sido um instrumento particularmente vil, mau para o investimento público”, porque não é em outubro ou novembro que se vai dizer que até dezembro pode fazer-se despesa de investimento.
“É que a despesa de investimento não é suposta fazer-se pensada e executada num mês ou dois e, portanto, nesse aspeto, isso tem sido uma ferramenta muito dura de gestão”, conclui.