O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa considerou esta segunda-feira "estranha e insólita" a exigência do Presidente da República ao PS relativa ao sistema financeiro, criticando o facto de levantar dúvidas sobre a estabilidade do mesmo.
"Parece-me bem a exigência de que a base de apoio garanta a confiança ao Governo, parece-me bem a garantia da aprovação do primeiro orçamento, parece-me estranha a exigência relativa ao sistema financeiro, falando da situação e do equilíbrio do sistema financeiro. Deixa dúvidas sobre se o sistema financeiro está neste momento em crise, que não está", disse Marcelo de Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Lisboa.
O candidato respondia a questões sobre o pedido do Presidente da República para que o líder socialista, António Costa, desenvolva "esforços tendo em vista apresentar uma solução governativa estável, duradoura e credível" e a clarificar questões que considera omissas nos acordos subscritos pela esquerda parlamentar.
Na opinião do candidato a Belém e ex-líder do PSD, "o Presidente da República deve ser a última instituição a levantar a questão da necessidade do equilíbrio do sistema financeiro", considerando "uma coisa insólita" o facto de se levantar esse tema.
"Eu acredito que rapidamente haverá uma resposta do secretário-geral do PS a estas exigências e portanto acredito que possa haver finalmente um Governo que governa e finalmente condições para se preparar um Orçamento, que é o que o país neste momento precisa", antecipou ainda.
Marcelo Rebelo de Sousa não põe "sequer a hipótese" que isto não aconteça e considera que "certamente que haverá condições para confiança no Governo, para aprovação do Orçamento" e que serão respeitados a Constituição e os compromissos internacionais e a Concertação Social, defendendo que "um futuro Governo não vai criar crise no sistema financeiro".
"Não há dissoluções antecipadas. Nenhum Presidente da República - e o mesmo é dizer nenhum candidato presidencial - pode em seu pleno juízo dizer que vai ou não vai dissolver o parlamento daí a tantos meses ou a tantos anos. É uma decisão que só pode ser tomada verificadas situações de crise que já expliquei quais eram e avaliadas no momento adequado", respondeu ainda, considerando que antecipar esses cenários é "uma insensatez para qualquer candidato presidencial".
Maria de Belém: Presidente “está a adiar o inadiável"
A candidata presidencial Maria de Belém considera que "o Presidente da República está a adiar o inadiável", após Cavaco Silva ter pedido ao secretário-geral socialista, António Costa, para clarificar o entendimento parlamentar à esquerda.
"O Presidente da República está a adiar o inadiável. O país precisa urgentemente de um Governo e, seja qual for o nosso entendimento do interesse nacional, neste ponto estaremos todos de acordo. Existem as condições políticas e institucionais para nomear um novo primeiro-ministro, tanto assim é que o Presidente encarregou o líder do PS de iniciar contactos nesse sentido", afirmou, disse numa curta declaração na sua sede de campanha, em Lisboa.
A antiga ministra socialista considera que "o país precisa de estabilidade política e institucional porque só nesse quadro é possível cumprir todos os compromissos internacionais e assegurar a satisfação das necessidades de todos e cada um dos portugueses".
Sampaio da Nóvoa fala em pré-indigitação
O também candidato à Presidência da República António Sampaio da Nóvoa considera que as exigências feitas por Cavaco Silva a António Costa enquadram-se numa “pré-indigitação” do líder socialista, embora algumas sejam “excessivas” e “despropositadas”.
“Esta pré-indigitação do doutor António Costa, nas atuais circunstâncias políticas e na actual situação de maioria parlamentar, parece-me uma pré-indigitação normal e natural. Estas exigências parecem um pouco excessivas e, nalguns casos, até despropositadas. O exemplo mais típico é o da estabilidade do sistema financeiro, que é muito difícil concretizar neste momento, seja por quem for”, afirma Sampaio da Nóvoa.
Em declarações aos jornalistas na sua sede de candidatura, em Lisboa, António Sampaio da Nóvoa argumentou ainda que se as garantias às exigências não forem dadas, e em alguns casos “dificilmente podem ser dadas”, a solução “tem de voltar a ser a mesma, porque é evidente que na actual situação política não há outra solução que não seja a indigitação de um governo liderado pelo PS”.
"Dilema político" preocupa Henrique Neto
O candidato presidencial Henrique Neto diz que está a seguir com “crescente preocupação” o “dilema político” que Portugal atravessa e sublinha que Cavaco Silva deve “de imediato” convidar António Costa a formar Governo.
“Considerando que as decisões do Presidente da República criaram uma divisão desnecessária e dúvidas sobre a legitimidade das escolhas feitas, há que procurar uma solução que possa ser apoiada por todos os portugueses e seja constitucionalmente irrepreensível.”
[notícia actualizada às 19h09]