O primeiro-ministro tem que explicar as razões da demissão da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) ou estará a faltar ao respeito aos portugueses, desafia o líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
"Mas o primeiro-ministro acha que pode não dar uma explicação a Portugal e aos portugueses sobre o que se está a passar no maior banco público?", questionou o presidente social-democrata, numa intervenção no encerramento das "Jornadas Consolidação, Crescimento e Coesão", organizadas pelo partido a propósito do Orçamento do Estado para 2017.
Falando num hotel em Lisboa, Passos Coelho sublinhou que, por mais que custe a António Costa, ele deve essa explicação.
Caso insista em não a dar, "então já não se trata de uma questão nem de sobranceria, nem de uma questão de estilo, nem de habilidade, trata-se de puro desrespeito para com os portugueses".
“Se não havia nenhum problema em apresentar as declarações de património e rendimento – que já apresentaram -, demitiram-se porquê? Não acham que o país merece uma explicação sobre isso? Não acham que o Governo e a administração da Caixa não podem andar a brincar com coisas sérias?”, criticou Pedro Passos Coelho.
Passos Coelho, que foi primeiro-ministro entre 2011 e 2015, não admite que se acuse o PSD de ter responsabilidades no processo da Caixa Geral da Depósitos.
"Falta de vergonha" no Orçamento
O líder social-democrata também não aceita a acusação do primeiro-ministro, que disse que era ele o responsável pela queda do BES.
Passos Coelho devolve a acusação, dizendo que o seu partido não se mete com os "detentores do capital dos bancos privados, como faz o PS”.
“Os bancos que tomaram decisões erradas têm accionistas que pagam pelas decisões erradas que tomaram. É assim mesmo.”
“Eleitoralista”, “demagógico” e “pouco transparente” foram algumas das expressões utilizadas para descrever o Orçamento do Estado para 2017 que vai ser aprovado esta terça-feira, no Parlamento, em votação final global.
“Seria impossível, algum Governo que eu liderasse comportar-se com tanta falta de vergonha. Ninguém, nem nos partidos que hoje apoiam o Governo nem na comunicação social, se calaria se um Governo chefiado por nós tivesse a falta de decoro de agir nestes termos”, acusou o antigo primeiro-ministro.
Das 45 propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2017 que o PSD apresentou, apenas três passaram no Parlamento. Não há consenso possível, porque o PS não quer, acusa o líder social-democrata.
[notícia actualizada às 01h29]