O primeiro-ministro pediu esta segunda-feira urgência na aplicação dos fundos do Programa de Recuperação e Resiliência.
António Costa recorda que o programa resulta de uma negociação “difícil com Bruxelas, onde se desenvolveu esta alergia relativamente às estradas e com a ideia que o país tem estradas a mais”, e defendeu que o investimento de 500 milhões de euros em múltiplas pequenas obras rodoviárias, um pouco por todo o país, "terá um impacto profundo económico, porque dinamizará pequenas e médias empresas e gerará emprego disseminado" no território nacional.
“É certo é que o país precisa de otimizar a rede viária que tem, tem que dotar o território de boas ligações transfronteiriças, tem que permitir dotar as áreas de localização empresarial das condições de competitividade que lhe permitam competir melhor com todas as outras empresas na europa e ter em conta que, por muito que nós desenvolvamos a ferrovia, não vamos ter, obviamente, um comboio à porta de cada um de nós”, sustentou.
O primeiro-ministro falava na sede da Infraestruturas de Portugal, no Pragal, no concelho de Almada, onde alertou o presidente da IP que, quanto mais cedo se começarem as obras que estão previstas nas estradas, mais cedo se cumpre o PRR.
“Desta vez, para além da pressão própria de um ministro exigente, vai ter também a fiscalização muito apertada da comissão europeia na execução deste programa”, alertou.
António Costa lembrou que Portugal foi o primeiro país a apresentar o plano de recuperação e resiliência, realçando que não está à “espera da sua aprovação final para fazer o trabalho de casa” que é preciso fazer e que pode ser feito desde já, exemplificando com “a elaboração dos projetos, a preparação dos concursos e mesmo com o início das obras”.
Portanto, que não seja por isso que se atrase o que quer que seja na execução, porque, quanto mais depressa começarmos, mais depressa acabamos e menos nervosos estaremos em 2023 e em 2026, para saber se vamos ou não vamos cumprir prazos”, advertiu António Costa.
No seu discurso, o primeiro-ministro procurou relacionar também as obras rodoviárias com o objetivo estratégico de redução das emissões de gases com efeito estufa, “ao encurtarem-se distâncias e ao desviar-se o trânsito do centro de centros urbanos, como nos casos das variantes de Olhão ou Évora”.
Entre os vários projetos, António Costa destacou as cinco novas ligações transfronteiriças - ponto em que retomou a sua tese sobre a “centralidade” do interior do território nacional face ao mercado ibérico, que tem 60 milhões de consumidores.