Oito acusados no caso do atentado na cidade francesa de Nice em 2016 vão sentar-se a partir desta segunda-feira no banco dos réus, entre eles conhecidos do terrorista radical islâmico que fez 86 mortos e 450 feridos.
Cumpria-se mais um feriado do 14 de julho em Nice (sul) em 2016, com o afamado Passeio dos Ingleses cheio de famílias que vinham ver o fogo de artifício, quando um camião aparentemente descontrolado foi direito à multidão e atropelou indiscriminadamente quem estava nesta avenida, onde o trânsito estava cortado à circulação. O atentado foi reivindicado pelo Daesh.
Seis anos depois, na sala originalmente construída para julgar o processo dos atentados do Bataclan, no Palácio de Justiça de Paris, vão ser julgadas oito pessoas ligadas ao autor do atentado, o tunisino Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, de 31 anos, que morreu ao ser baleado pela polícia no local.
Entre os oito acusados há sete homens e uma mulher, suspeitos de associação terrorista, sendo que muitos deles conheciam a progressiva radicalização de Lahouaiej-Bouhlel e o seu fascínio pela jiade, embora aleguem desconhecer o seu plano de atentado.
Metade dos acusados são franco-tunisinos e os outros são albaneses, sendo que estes últimos terão fornecido as armas de fogo usadas no ataque.
Um dos acusados não estará presente, porque fugiu para a Tunísia, e um nono acusado suicidou-se na sua cela, na prisão de Fleury-Mérogis, em junho de 2018. Do lado das vítimas, 865 pessoas constituíram-se como parte civil.
Este foi um atentado que marcou particularmente os franceses, já que foram mortas cerca de 15 crianças e adolescentes.
Muitas crianças que sobreviveram ao ataque sentem até hoje os traumas daquela noite em 2016, tendo sido criada uma célula especial de atendimento em Nice para prestar apoio a estes menores.
Devido ao facto de a maior parte das vítimas estar em Nice, as audiências serão retransmitidas para esta cidade, onde cerca de 500 pessoas vão poder assistir ao julgamento a partir do Palácio de Congressos de Nice.
Tal como no processo do Bataclan, estará disponível uma retransmissão segura em áudio para todas as famílias e vítimas.
O julgamento deve durar cerca de três meses, até às férias do Natal em dezembro.