Velázquez terá pintado este quadro do rei num curto espaço de tempo, num atelier improvisado no meio de um quartel das tropas espanholas. Contudo, as condições não impediram o mestre da pintura espanhola de fazer um notável retrato que agora é mostrado em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.
A pintura do Rei Filipe IV de Espanha, III de Portugal, de Diego Velázquez pertence à coleção The Frick Collection e é agora alvo de um empréstimo à Gulbenkian. A obra, uma “das favoritas do grande colecionador americano Henry Frick (1849-1919)”, é a Obra Visitante do Museu Calouste Gulbenkian, refere a instituição em comunicado.
De 12 de abril a 9 de maio vai ser possível apreciar este quadro nas Galerias do Museu Gulbenkian, devido a obras de remodelação e ampliação do museu de Nova Iorque onde está habitualmente exposto.
“Esta circunstância permitiu a circulação de algumas obras maiores que permaneciam, há mais de um século, no seu espaço histórico na East 70th Street, em Nova Iorque”, indica a Gulbenkian.
No comunicado pode ler-se que “a pintura Rei Filipe IV de Espanha é um excelente exemplo da mestria do artista, que se estabeleceu em 1623 como pintor da corte espanhola de Filipe IV”.
A obra foi, contudo, realizada num “contexto particular”, na primavera de 1644 quando Velázquez “acompanhou o monarca na sua incursão militar na Catalunha, por ocasião da revolta iniciada na região em 1640”
A tela do monarca foi realizada “num curto espaço de tempo, em condições pouco habituais, num ateliê improvisado, em Fraga, quartel-general das tropas espanholas”, explica a Gulbenkian.
Filipe IV surge investido no seu papel de chefe militar vitorioso, “envergando sobreveste, ricamente adornada com brocados que combinam com a faixa que suporta a espada, um dos símbolos da sua autoridade, a que acresce o bastão que evoca a vitória militar do seu exército após a reconquista da cidade de Lérida”, explica o museu.
A Coleção do Fundador, Calouste Gulbenkian chegou a ter um quadro de Velázquez. A fundação indica que o colecionador “era um grande admirador da obra” do artista. Chegou mesmo a adquirir, em 1919, a obra Retrato de D. Mariana de Áustria, da Coleção Lyne Stephens, mas a tela foi doada ao Museu Nacional de Arte Antiga.
“Esta nova Obra Visitante celebra o encontro do legado de dois grandes colecionadores, Henry Frick e Calouste Gulbenkian, que manifestaram o desejo de reunir as suas obras, tornando-as acessíveis ao público”, indica a fundação que terá o retrato de Filipe IV exposta nos próximos meses.